Ivar Hartmann
Alguns dados que todos gaúchos sabem ou deveriam saber. Também chamada de Revolução Farroupilha, esta guerra colocou em lados opostos a República Rio-grandense, localizada no território da ex-província do Rio Grande do Sul e o Império do Brasil. Proclamada a República em 1836, a guerra que tinha começado em 1835, só terminou em 1845, quando a força dos exércitos imperiais tornou impossível aos farroupilhas manter a independência e o Rio Grande foi reanexado ao território brasileiro. Foi uma luta de Titãs a dos gaúchos. Basta ver o território atual do Brasil e do Rio Grande, ou as respectivas populações. Golias e Davi. Só homens de muita coragem e desprendimento poderiam enfrentar as lutas desta página da História do Brasil que os historiadores chamam de Decênio Heroico. Foi nele que pela primeira vez no Brasil negros alcançaram a liberdade, lutando no exército farroupilha. Nele foram traídos por Canabarro que desarmou-os e deixou-se surpreender na Batalha dos Porongos, onde parte dos lanceiros negros foram massacrados. Os sobreviventes, comandados por seu chefe, Teixeira Nunes, conseguiram escapar com os lanceiros sobreviventes, mas foram encurralados na batalha de Arroio Grande, último combate da guerra, onde Teixeira Nunes foi ferido, preso, morto e degolado pelos imperiais. Ódio de branco contra branco.
Reverenciemos como eram os grandes chefes farroupilhas. Bento Gonçalves, Presidente da República e comandante geral do seu exército, era um homem rico ao começar a Guerra e, quando veio o tratado de paz, teve amigos que lhe emprestaram algumas centenas de cabeças de gado para recomeçar a vida. Sua fortuna empregara na guerra. Antônio de Souza Neto, que proclamou a República, hábil pecuarista, mudou-se para o Uruguai, onde fez grande fortuna. Na Guerra do Paraguai foi lutar pelo Brasil. Seus soldados levavam a bandeira da República Rio-grandense. Por ele eram pagos e nunca aceitou um centavo de pagamento por seus serviços. Lá morreu, ferido em batalha. Outros tempos. Outra gente.
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