Quando eu era piá, no centro de Porto Alegre, no tempo em que existiam poucas farmácias, o sabonete Eucalol era um sucesso. Embalado de três em três em papelão, traziam como brinde, também três cartões ilustrados de 6 x 9. Estampas coloridas com variadas séries, como geografia, história, escotismo, etc. Uma delas chamava-se: “Incrível, porém verdadeiro”. Um amigo, que anda muito por São João do Polêsine, município de predominância da origem italiana, perto de Santa Maria, onde o empresário Roberto Argenta construiu um complexo universitário e termal, alavancando a economia da região, contou uma história que só com a filmagem que acompanhou, para acreditar. Algo impensável no nosso Brasil.
Lá um pequeno negócio: uma fábrica de queijo artesanal, com uma loja na beira da estrada. Aberta, na maioria das vezes não tem ninguém para atender. Funciona sem ninguém para cobrar. O produto, em vários tamanhos, já está pesado e com o preço impresso. Você escolhe, passa em uma mesa na saída onde tem uma pequena caixa e um moedeiro, paga, faz seu troco e pronto. Se quiser pagar com cartão de crédito tem instruções de como fazer. Ou pagar com pix. É o paraíso dos crentes. Se vai dar certo é uma incógnita. Então o dono deve ter avaliado sua proposta. Vamos convir que em um país, onde os supremos mandatários dos três poderes, são os primeiros a dar um mau exemplo para a população, é uma aposta temerária. O motorista desconhecido que mora sabe Deus onde, chega, compra e paga se for honesto ou, como ladrão vocacional que é, vai embora sem pagar, impune com a compra. O proprietário da queijaria é antes de tudo um aventureiro otimista. Daqueles que brincam com tigres e jacarés nas séries de TV.
Promotor de Justiça aposentado
ivar4hartmann@gmail.com