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domingo, 25 de julho de 2021

General de pijama

                

Ivar Hartmann

O General Floriano Peixoto derrubou o Marechal Deodoro que tinha derrubado o Imperador Pedro II. Foi um golpe. O Governador Getúlio Vargas deflagrou a Revolução de 30. Foi uma Revolução. Militares e civis derrubaram João Goulart em l964. No caso, golpe ou revolução? Agora Brasília está agitada. Muitos interessados colocando água para ferver na panela de pressão, na esperança dos proveitos a tirar quando ela explodir. O Brasil, em termos de população, área e riquezas que produz, é uma potência. Seus parlamentares e ministros são dignos das antigas repúblicas bananeiras de governantes corruptos da América Central. Há revolta entre a população pelas páginas e páginas de descalabros diários que a imprensa brasileira nos traz.

Bolsonaro vai tentar um golpe com os militares que o apoiam? Terrível hem? Mas impossível. O general aposentado Braga Neto, Chefe da Casa Civil, ameaçou, semana passada, as eleições. É conhecida a expressão “general de pijama”. O militar hoje tem ao seu comando 50 mil homens. Amanhã se aposenta. Dá graças a Deus de poder comandar a mulher. O Bolsonaro é o capitão do exército aposentado compulsoriamente pelo General Ernesto Geisel, sujeito pau ferro, por quebra da disciplina militar. Nenhum exército do mundo, nem os exércitos de molambentos que fazem revoluções na África, subsiste sem hierarquia e disciplina. Para militares da ativa no comando, general de pijama pode ter deixado prestígio e discípulos. Mas não adianta se fardar ou alardear poder nas casernas. Não leva tropas para a rua. Tanques saem dos quartéis com ordens de pessoal da ativa. Golpe ou revolução precisa de militares da ativa e civis comprometidos. O resto é bazófia e traque. Ou ilações de temerosos ou pessimistas.

Promotor de Justiça aposentado - ivar4hartmann@gmail.com

terça-feira, 13 de julho de 2021

Grafeno? Grafeno!

               

Ivar Hartmann

O Brasil deve aos Imperadores três ações fundamentais para torná-lo uma das maiores nações do mundo. Pedro I proclamou a independência incruenta e iniciou a imigração de alemães para o país.  Pedro II manteve a integridade do território nacional e trouxe os imigrantes italianos. Descendentes de alemães e italianos, na maioria, é que tornaram possível a riqueza agrícola brasileira de hoje, mostrada nas balanças comerciais anuais favoráveis ao Brasil. Que permite uma indústria moderna e um comércio rico. Da nossa infância as palavras madeira, aço, alumínio. Na mocidade o termo plástico. Agora temos de saber o que é o produto chamado grafeno.

A UCS- Universidade de Caxias do Sul, é considerada a segunda melhor Universidade particular do Brasil, com zona de abrangência na serra gaúcha e centralizada na segunda mais rica cidade do Estado e berço da colonização italiana. Trabalhadores e inteligentes em poucas gerações transformaram a rua de terra e casas de madeira em um gigante produtor de riquezas intelectuais e industrias. E aí o novo produto industrial, o grafeno, oriundo do grafite. É o material mais forte, leve e fino que existe no mundo. Fundamental no futuro. Pois a UCS inaugurou a primeira e maior planta de produção de grafeno em escala industrial da América Latina, construída dentro de uma Universidade. Resultado de 15 anos de pesquisas em nanomateriais. 1 kg de grafeno custa cerca de 15 mil dólares. E deverão ser produzidos 500 kg ao ano para ampliar para 5.000 quilos ao ano. Caxias, o Rio Grande e o Brasil na tecnologia mundial. Segundo especialistas, materiais como o grafeno podem em até 10 anos gerar cerca de 1 trilhão de dólares para produtos usados em diversos setores. Uma benção de Deus.

Promotor de Justiça aposentado - ivar4hartmann@gmail.com

quarta-feira, 7 de julho de 2021

Caicó e o RN amanheceram de luto

Aos 56 anos de idade, morre o pesquisador, professor, escritor e poeta caicoense Muirakytan Macedo


Hoje de madrugada, às 3h36, o coração de Muirakytan Kennedy de Macedo parou de bater e entristeceu os meios intelectuais e culturais de Caicó e do Rio Grande do Norte. Ele estava internado na Policlínica do Alecrim, em Natal, convalescendo de um câncer renal, doença que foi diagnosticada há mais de dois anos.

Natural de Caicó, Muirakitan faria 57 anos sexta-feira que vem, dia 9 de julho. Era professor aposentado do Departamento de História do CERES/Universidade Federal do Rio Grande do Norte e do Mestrado em História da UFRN. Deixou uma obra fundamental sobre a região do Seridó, uma das suas paixões, que se tornou referência para os novos historiadores e pesquisadores.

A Penúltima Versão do Seridó - Uma história do regionalismo Seridoense, Edições Sebo Vermelho em 2005 e reedição em 2012 pela EDUFRN, e Rústicos Cabedais - Patrimônio e cotidiano familiar nos sertões da pecuária (Seridó - Sec. XVII), editoras Flor do Sal e EDUFRN, são dois livros imprescindíveis para entender a região que o escritor e poeta Diógenes da Cunha Lima chamou de A Civilização do Seridó.

Em 2011, Muirakytan cometeu o seu primeiro livro de poemas, chamado Partícula elementar, Editora Flor do Sal. Na orelha, ele diz que "toda poesia é sobre o óbvio. Todo verso deve ir do cisco à cisma; da carícia ao abismo; do átomo ao sentido". E arremata: "De nada adiantaria ficar aqui assistindo corpos em queda livre. Pois o Saara deseja ser o que é, linguagem. Este livro é sobre todos os desertos infestados de palavras, obviamente".

O corpo de Muyrakitan será velado a partir das 12h00 até às 17h00 no Cemitério Morada da Pax, em Emaús, Parnamirim, e depois será cremado em cerimônia restrita a parentes e amigos mais próximos. As cinzas serão depositadas no túmulo da família, ao lado dos pais, em Caicó.

Muyrakitan dedicou os livros Rústicos Cabedais e Partícula elementar à professora, escritora, poeta e companheira Ana Santana Souza. Deixou filhos e uma legião de amigos e admiradores.

terça-feira, 6 de julho de 2021

Crime perfeito não existe

              

Ivar Hartmann

Logo que saímos das faculdades somos uns piás, correndo o mundo em busca de oportunidades e achando que sabemos tudo da vida. Sabemos da doutrina. Mas da prática? Esta, só o viver nos dá. Quando entrei para a promotoria de justiça, mandado para os fundões de Tenente Portela, um colega mais tarimbado me ensinou: tu é novo, chega em uma cidade onde não conhece ninguém. Então melhor é desconfiar de todo mundo, até poder separar o joio do trigo. Ano passado, analisando, como promotor de justiça, não como cientista, escrevi sobre a origem do coronavírus. Dizem os chineses: de repente, uma mutação saiu da antiga e fedida feira de Wuhan, para atacar o mundo, apesar dos esforços das autoridades. Algo não cheirava bem. Mais mal cheira quando, na mesma cidade, se encontra o maior instituto tecnológico chinês de estudos e manipulação de material genético e proliferação de vírus. Cientistas americanos já tinham constatado falhas na segurança do laboratório destas pesquisas perigosas.

Escrevi então: por dolo ou culpa, os chineses deixaram o vírus escapar. Não importa se por dolo ou culpa, indenizações são necessárias, a exemplo da Alemanha, aos que sofreram com a Segunda Guerra, e da China aos que sofrem com o Covid-19. O novo presidente americano Joe Biden vai nesta linha. Primeiro, quer elucidar como o vírus se espalhou a partir de Wuhan: mercado ou laboratório? Segundo, se as autoridades chinesas agiram corretamente no alertar as nações do que ocorria. Terceiro, e corolário, existem indenizações a serem pagas pela China aos países que sofreram e sofrem com o mal que ela criou? Nesta investigação foi agora constatado: a China tentou apagar provas do que ocorreu. Prática usual de todos os bandidos.   

Promotor de Justiça aposentado - ivar4hartmann@gmail.com