Taxas altas
Verificar periodicamente as condições da saúde física deve ser uma constante para a pessoa em qualquer idade, mas quando chegamos a certa idade – 40, 50 anos, - essa verificação deve se tornar amiúde. O check-up periódico se faz necessário, principalmente a observação daquelas taxas que tanto nos atormentam: glicose, PSA, colesterol, triglicérides, etc. Muitos fazem desses exames uma batalha, outros nem tanto, aliás, outros as tornam até hilárias.
Calcado nesse lado engraçado é que contamos aqui estas historietas.
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Um cidadão, casado com uma senhora corpulenta (peso com três dígitos) – Dona Isaura - levou seus exames laboratoriais para a apreciação médica, e lá estava assinalada a sua alta taxa de colesterol.
Seu médico, observando aquela alteração, passou a lhe orientar sobre a sua futura dieta alimentar, e arrematou dizendo:
– O senhor não poderá mais comer gordura!
E o paciente, muito assustado, perguntou:
– Vige, doutor! E quem vai comer Isaura?
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Aquele outro também estava com a taxa de colesterol alta.
– Afaste-se dos ovos - disse-lhe o médico.
E ele passou a andar de pernas abertas.
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Outro cidadão na mesma situação: taxa de colesterol altíssima. O médico, a título de orientação alimentar, lhe informou que, doravante, ele passasse a alimentar-se apenas de carne branca.
Ele saiu do consultório médico, passou no mercado, e ali mesmo comprou cinco quilos de toucinho.
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Pedro Otávio era fissurado em comer ovos fritos. Os amigos achavam até que a sua comida predileta era cuscuz com ovos. Então, certa feita, perguntaram-lhe:
– Otávio, qual a sua comida predileta?
– Mulher! – respondeu ele.
E arrematou:
– Se eu pudesse, só sairia de dentro de uma mulher pra comer cuscuz com ovos fritos.
Voltemos à historieta.
Então, ele um homem já entrado nos anos, com uma dieta alimentar dessas, – de ovos, não de mulheres, é claro – não deu outra: a sua taxa de colesterol foi para as alturas.
Para o seu infortúnio, o seu médico, que conhecia a sua sofreguidão, proibiu-lhe, terminantemente, de comer o seu prato predileto – ovos, e não mulheres, é claro.
Ele ficou, como dizia a finada minha mãe, de ovo virado (de mau humor):
– Porra, doutor! Como eu vou viver sem meu cuscuz com ovos?
Atenta às recomendações do médico, sua esposa, cuidadosa e zelosa, passara a ser uma ferrenha patrulheira:
– Não quero ficar, viúva – dizia:
– Nada de comer ovos!
Passados alguns meses, terríveis meses de estrita abstinência, voltou ao médico pisando em ovos (com cautela) com novo exame nas mãos. E esse estava pior que o anterior.
– A sua taxa de colesterol continua subindo, senhor Pedro Otávio. O senhor continua comendo ovos, diariamente? - perguntou-lhe o doutor:
Foi nesse momento que ele teve uma grande ideia:
– Estou comendo apenas seis, doutor - mentiu.
O médico ficou assombrado:
– Eu não o proibi de comer ovos?
– Mas eles são irresistíveis, doutor – respondeu o ovívoro.
Aí o seu ardiloso plano começou a dar certo. O médico, para aliviar aquela avidez, assentiu:
– Faça o seguinte: coma apenas a metade disso. Coma apenas três.
E ele saiu dali jubiloso:
– O meu plano deu certo! Viva, vou voltar para os meus ovos com cuscuz!
Ciduca Barros é escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha