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sábado, 29 de fevereiro de 2020
Gilsadas
Eu quero um celular que,
além de identificar a chamada
identifique também o assunto
para eu decidir se atendo
ou não.
GILSON VARIEDADES
Sol lindo
Peter Salém
Sentamos pra ver o sol indo.
Grama, grilos, coceirinhas...
(O sol
aquela bolona amarela
E nós
sonhos pra dar e dormir.)
Lá ia, lá longe, o sol indo...
Senti o calor que 'cê tinha
Na pele que, ali, era só minha.
Aquele gosto quente no dente,
Um beijo, um toque, a mão no joelho...
Epa!
Olha que até o sol ficou vermelho.
Grama, grilos, coceirinhas...
(O sol
aquela bolona amarela
E nós
sonhos pra dar e dormir.)
Lá ia, lá longe, o sol indo...
Senti o calor que 'cê tinha
Na pele que, ali, era só minha.
Aquele gosto quente no dente,
Um beijo, um toque, a mão no joelho...
Epa!
Olha que até o sol ficou vermelho.
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020
O pirado enganador
E no hospício, o louco anda pelo pátio, puxando uma escova de
dentes amarrada por uma cordinha.
Passa um enfermeiro, que ironiza:
Plena nudez
Raymundo Motta de Azevedo
Eu amo os gregos tipos de escultura:
Pagãs nuas no mármore entalhadas;
Não essas produções que a estufa escura
Das modas cria, tortas e enfezadas.
Pagãs nuas no mármore entalhadas;
Não essas produções que a estufa escura
Das modas cria, tortas e enfezadas.
Quero em pleno esplendor, viço e frescura
Os corpos nus; as linhas onduladas
Livres: da carne exuberante e pura
Todas as saliências destacadas…
Os corpos nus; as linhas onduladas
Livres: da carne exuberante e pura
Todas as saliências destacadas…
Não quero, a Vênus opulenta e bela
De luxuriantes formas, entrevê-la
Da transparente túnica através:
De luxuriantes formas, entrevê-la
Da transparente túnica através:
Quero vê-la, sem pejo, sem receios,
Os braços nus, o dorso nu, os seios
Nus… toda nua, da cabeça aos pés!
Os braços nus, o dorso nu, os seios
Nus… toda nua, da cabeça aos pés!
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020
Sogra escrota
QUEM É PIOR? POLICIAL OU SOGRA?
O guarda manda o sujeito parar o carro.
- Seus documentos, por favor. O senhor estava a 130km/h e a velocidade máxima nesta estrada é 100.
- Não, seu guarda, eu estava a 100, com certeza. A sogra dele corrige:
- Ah, Chico, que é isso! Você estava a 130 ou mais! O sujeito olha para a sogra com o rosto fervendo.
- E sua lanterna direita não está funcionando...
- Minha lanterna? Nem sabia disso. Deve ter pifado na estrada... A sogra insiste:
- Ah, Chico, que mentira! Você vem falando há semanas que precisa consertar a lanterna! O sujeito está fulo e faz sinal à sogra para ficar quieta.
- E o senhor está sem o cinto de segurança.
- Mas eu estava com ele. Eu só tirei para pegar os documentos!
- Ah, Chico, deixa disso! Você nunca usa o cinto! O sujeito não se contém e grita para a sogra:
- CALA ESSA BOCA! O guarda se inclina e pergunta à senhora:
- Ele sempre grita assim com a senhora? Ela responde:
- Não, seu guarda. Só quando ele bebe.
- Não, seu guarda, eu estava a 100, com certeza. A sogra dele corrige:
- Ah, Chico, que é isso! Você estava a 130 ou mais! O sujeito olha para a sogra com o rosto fervendo.
- E sua lanterna direita não está funcionando...
- Minha lanterna? Nem sabia disso. Deve ter pifado na estrada... A sogra insiste:
- Ah, Chico, que mentira! Você vem falando há semanas que precisa consertar a lanterna! O sujeito está fulo e faz sinal à sogra para ficar quieta.
- E o senhor está sem o cinto de segurança.
- Mas eu estava com ele. Eu só tirei para pegar os documentos!
- Ah, Chico, deixa disso! Você nunca usa o cinto! O sujeito não se contém e grita para a sogra:
- CALA ESSA BOCA! O guarda se inclina e pergunta à senhora:
- Ele sempre grita assim com a senhora? Ela responde:
- Não, seu guarda. Só quando ele bebe.
Satânia
CASTRO ALVES
Nua, de pé, solto o cabelo às costas,
Sorri na alcova perfumada e quente,
Pela janela, como um rio enorme
De áureas ondas tranqüilas e impalpáveis,
Profusamente a luz do meio-dia
Entra e se espalha palpitante e viva.
Entra, parte-se em feixes rutilantes,
Aviva as cores das tapeçarias,
Doura os espelhos e os cristais inflama.
Depois, tremendo, como a arfar, desliza
Pelo chão, desenrola-se, e, mais leve,
Como uma vaga preguiçosa e lenta,
Vem lhe beijar a pequenina ponta
Do pequenino pé macio e branco.
Sobe... cinge-lhe a perna longamente;
Sobe... – e que volta sensual descreve
Para abranger todo o quadril! – prossegue.
Lambe-lhe o ventre, abraça-lhe a cintura,
Morde-lhe os bicos túmidos dos seios,
Corre-lhe a espádua, espia-lhe o recôncavo
Da axila, acende-lhe o coral da boca,
E antes de se ir perder na escura noite,
Na densa noite dos cabelos negros,
Pára confusa, a palpitar, diante
Da luz mais bela dos seus grandes olhos.
Sorri na alcova perfumada e quente,
Pela janela, como um rio enorme
De áureas ondas tranqüilas e impalpáveis,
Profusamente a luz do meio-dia
Entra e se espalha palpitante e viva.
Entra, parte-se em feixes rutilantes,
Aviva as cores das tapeçarias,
Doura os espelhos e os cristais inflama.
Depois, tremendo, como a arfar, desliza
Pelo chão, desenrola-se, e, mais leve,
Como uma vaga preguiçosa e lenta,
Vem lhe beijar a pequenina ponta
Do pequenino pé macio e branco.
Sobe... cinge-lhe a perna longamente;
Sobe... – e que volta sensual descreve
Para abranger todo o quadril! – prossegue.
Lambe-lhe o ventre, abraça-lhe a cintura,
Morde-lhe os bicos túmidos dos seios,
Corre-lhe a espádua, espia-lhe o recôncavo
Da axila, acende-lhe o coral da boca,
E antes de se ir perder na escura noite,
Na densa noite dos cabelos negros,
Pára confusa, a palpitar, diante
Da luz mais bela dos seus grandes olhos.
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020
Chuva
LIZ CHRISTINE
Chove
lá fora
me fode
agora
com amor
sem pudor
barulho que cai
a gota me atrai
molhados
chovendo
pelo prazer
apaixonados
continue a fazer
e chove
trovão
e fode
paixão
e chove
na rua
me fode
estou nua
e chove
tira a meia
e fode
me despenteia
e chove molhado
seu pé está gelado
chega de prosa
você me aquece
vai, enlouquece
vem e goza.
lá fora
me fode
agora
com amor
sem pudor
barulho que cai
a gota me atrai
molhados
chovendo
pelo prazer
apaixonados
continue a fazer
e chove
trovão
e fode
paixão
e chove
na rua
me fode
estou nua
e chove
tira a meia
e fode
me despenteia
e chove molhado
seu pé está gelado
chega de prosa
você me aquece
vai, enlouquece
vem e goza.
terça-feira, 25 de fevereiro de 2020
Meus beija-flores
Ivar Hartmann
Os noticiários das televisões mostraram um estudo realizado no exterior a respeito de qualidade de vida. Sob uma ótica nova: a pessoa que convive com o verde, com a natureza, com os pássaros, tem melhor saúde mental que a confinada em um apartamento da cidade, por melhor que ele seja. O resultado não surpreendeu, mas a comprovação de que vivem melhor, auxilia na luta dos profissionais da saúde para que ninguém fique em casa, no ócio e nos prazeres da bebida, da mesa e da televisão. Tem um ditadinho velho como a morte: quanto menos se faz, menos se quer fazer. E outro: quanto mais se dorme, mais se quer dormir. Todos conhecem, não? Bem, pelo livre arbítrio, cada um faz o que quer com sua vida. Quero morrer cedo: cansei de viver. Quero morrer tarde: a vida é uma beleza. Tem outro estudo que diz que um pacote de cigarro fumado, significa um dia e meio de vida a menos. Mas, e eu com isso? Um dia e meio é nada em 80 anos, não é? O problema é: chego lá?
Minha lembrança mais antiga de passarinhos foi quando piá do centro de Porto Alegre, minha mãe me levou para Arvorezinha, pequeno município gaúcho, visitar parentes. Um, o Theobaldo, tinha uma porção de filhas e um aviário de pássaros, ou seja, uma gaiola enorme para os pássaros voar. E o melhor: se podia entrar. Para mim, guri de cidade, foi a glória que nunca esqueci. Agora tenho um bebedouro grande de beija-flores no meu gabinete. Não na janela, mas na minha mesa. E, enquanto escrevo esta, beija-flores e pequenas cambacicas de peito amarelo, voam ao redor, entrando e saindo pela janela. Tão educadas que só fazem cocô lá fora. Para começar, experimente um bebedouro pequeno: água com duas colheres de açúcar cristal. Molhe a base e logo eles vêm. Mais saúde entrando pela janela.
Os noticiários das televisões mostraram um estudo realizado no exterior a respeito de qualidade de vida. Sob uma ótica nova: a pessoa que convive com o verde, com a natureza, com os pássaros, tem melhor saúde mental que a confinada em um apartamento da cidade, por melhor que ele seja. O resultado não surpreendeu, mas a comprovação de que vivem melhor, auxilia na luta dos profissionais da saúde para que ninguém fique em casa, no ócio e nos prazeres da bebida, da mesa e da televisão. Tem um ditadinho velho como a morte: quanto menos se faz, menos se quer fazer. E outro: quanto mais se dorme, mais se quer dormir. Todos conhecem, não? Bem, pelo livre arbítrio, cada um faz o que quer com sua vida. Quero morrer cedo: cansei de viver. Quero morrer tarde: a vida é uma beleza. Tem outro estudo que diz que um pacote de cigarro fumado, significa um dia e meio de vida a menos. Mas, e eu com isso? Um dia e meio é nada em 80 anos, não é? O problema é: chego lá?
Minha lembrança mais antiga de passarinhos foi quando piá do centro de Porto Alegre, minha mãe me levou para Arvorezinha, pequeno município gaúcho, visitar parentes. Um, o Theobaldo, tinha uma porção de filhas e um aviário de pássaros, ou seja, uma gaiola enorme para os pássaros voar. E o melhor: se podia entrar. Para mim, guri de cidade, foi a glória que nunca esqueci. Agora tenho um bebedouro grande de beija-flores no meu gabinete. Não na janela, mas na minha mesa. E, enquanto escrevo esta, beija-flores e pequenas cambacicas de peito amarelo, voam ao redor, entrando e saindo pela janela. Tão educadas que só fazem cocô lá fora. Para começar, experimente um bebedouro pequeno: água com duas colheres de açúcar cristal. Molhe a base e logo eles vêm. Mais saúde entrando pela janela.
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