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terça-feira, 30 de março de 2021

15 reais

 





STF: os ministros eleitores

 

Ivar Hartmann

Bastou a decisão inglória do STF que possibilita a Lula ser candidato a presidente no ano que vem e o Bolsonaro mudou de atitude: passou a usar máscara, defende a vacina e compra milhões de doses. Coisa impensada até há poucos meses quando minimizava as mortes de 250.000 mil brasileiros que agora já são mais de 300.000. Será que as famílias destes mortos irão votar nele? É a pergunta que não canso de me fazer. Sim, não gostamos do Dória, mas ao contrário dos seus inimigos, temos que reconhecer que ele e suas ações para comprar a vacina chinesa e produzi-la no Butantã, foram o passo fundamental para que o Ministério da Saúde e Bolsô resolvessem correr às compras no mercado internacional. Fato até poucos meses antes impensado pelo presidente. Na pandemia o Brasil está à mercê dos apetites para 2022. Que inclui o Centrão concluir que Bolsô não é o melhor e desistir dele apoiando outro.

Dilma, uma vez, quando era presidente, quis fazer do ladrão e corrupto Lula, seu ministro para que ele escapasse da prisão da Lava Jato. Moro, mais inteligente, deixou vazar a conversa entre Lula e Dilma na qual ela dizia que iria nomeá-lo para que ele escapasse. Escândalo nacional. A nomeação não pode ser feita e Lula foi para o lugar onde deveria estar, não fora a benevolência com que alguns ministros do STF, que devem seu emprego a ele, tratam as causas do PT. Seria a sigla certa SPTF ? Como Lula, o incompetente ex-ministro Pazzuelo, a quem o Brasil deve a disseminação da cepa Manaus do vírus chinês pelo Brasil, que está matando aos milhares, quer um ministério para se garantir dos inquéritos em andamento contra ale. Vai ganhar. Para que servem os amigos? 

Promotor de Justiça aposentado - ivar4hartmann@gmail.com

quarta-feira, 24 de março de 2021

Pazuello é nomeado ministro-demitido-interino


“No tocante a esse negócio daí, a pandemia tava mais controlada quando o Pazuello era interino. Então esse novo ministro daí vai ficar como interino do interino, e a pandemia vai ficar duas vezes mais controlada, tá ok? Assunto encerrado.”

A declaração, dada pelo presidente Bolsonaro, serviu para anunciar o novo cronograma do Ministério da Saúde. 

O general da ativa Eduardo Pazuello deixou o cargo de ministro e será oficializado como “ministro-demitido-interino”, posição que ocupa informalmente há uma semana, já que ainda não foi afastado efetivamente da pasta. 

Já o médico lambebotista Marcelo Queiroga assume a posição de “interino do demitido-interino da Saúde”, o que lhe dará plenos poderes para continuar não fazendo nada no combate à Covid-19.

Com informações da revista The piauí Herald

terça-feira, 23 de março de 2021

O dilema de Rita Parrecão

 DIRETO DO JORNAL DA BESTA FUBANA

Mãe Oxum, a protetora do pau mole

Cícero Tavares

Rita Parrecão era uma morena exuberante, monumental. Um metro e oitenta centímetros de pura beleza tropical, olhos da cor do mar, coxas grossas e bem delineadas, joelhos torneados, cintura de pilão, cabelos pretos, cacheados, batendo na cintura. Mas apesar de todos esses atributos femininos naturais que chamavam a atenção de todos que a viam, ela era cismada com qualquer bicho fêmeo que tentasse se aproximar do marido para quaisquer conversês.

Certo dia pôs na cabeça que Adamastor da Silva, seu marido, comerciante de Secos e Molhados bem sucedido no bairro, estava fofando a empregada Tonha de Zefa, matutinha assanhada que ela mesma teria trazido do interior para ajudá-la nos afazeres caseiros e cuidar das três filhas menores.

Para provar o improvável, o que só existia na sua imaginação, Rita Parrecão armou várias arapucas para ver se pegava o marido traçando a empregada dentro ou fora de casa. Mas não conseguia porque tudo não passava de coisas de sua cabeça, idealização à traição.

Insatisfeita por não obter resultados positivos de suas desconfianças delirantes, Rita Parrecão disse ao marido que precisava visitar a família no interior, pois a mãe estava doente, mas sua pretensão era consultar Mãe de Oxum, a mais famosa macumbeira da região, especialista em descobrir traição de maridos infiéis que andavam mijando fora da bacia.

Consulta feita, preço combinado. Detalhes da execução do “serviço” foram acertados verbalmente entre a contratante e a contratada. De cara, Mãe de Oxum exigiu três galinhas pretas, três caixas de charuto vendido no armazém de Seu Mané Rolim. No mesmo dia, depois de participar da primeira sessão de descarrego, Rita Parrecão volta para casa satisfeita com o resultado dos primeiros ensaios, com todos os caboclos recriminando “os atos do marido”…

À noite, antes de deitar-se, ela entra em transe, dá umas sacudidelas no corpo incorporado por uma entidade recomendada por Mãe de Oxum e tibunga debaixo do lençol nua, onde já encontra o marido, deitado e, para sua surpresa, roncando feito um porco, fato esse nunca lhe acontecido antes.

Mais seca do que o mês de janeiro em Pico para as camaradagens com o marido, ela começa a passar a mão nos trololós dele, que não se intumescem nem a pau. Dormindo estava dormindo ficou, e ela na maior frustração.

Passou a noite nessa agonia e no outro dia, quando se levantou, fez o café de Adamastor da Silva, serviu-o e, curiosa porque o maridão não a procurou para dá uma, perguntou-o:

– Meu filho, você ontem não me procurou. Foi dormir tão cedo. Que sono foi aquele que deu em você?

– Minha filha, eu não sei por quê, mas de ontem para cá eu estou sentindo uma coisa estranha na minha tesão. Eu estou sentindo que estou perdendo a potencia sexual por você. Até o pau encolheu como você pode ver aqui – e arriou o zíper mostrando a mulher o desmantelo.

Quando viu a cena do feitiço inverso, o pingolim do marido lânguido, desiludido, Rita Parrecão endoidou. Inventou uma nova viaje ao interior para procurar a mãe de santo e desfazer a mandinga. Ao chegar no interior, aflita, procurou Mãe Oxum, que para sua desdita tinha tido um infarto fulminante na noite anterior e batera as botas. O corpo estava sendo velado.

Como a mãe de santo pregou um nó que só ela mesma poderia desatar, o que aconteceu com várias mulheres da região que, naquele instante chegavam contando o mesmo dilema, o consolo de Rita Parreção foi o de ter de conviver com o badalo do marido murcho e ficar na espreita para um dia o pau ressuscitar.

Desse dia em diante Rita Parrecão aprendeu uma lição por ter ficado sem o pau ardente do marido toda noite, a não ser apelando à cabocla Jurema, milagreira do pau mole, a ressurreição do “bicho”: quem não pode com a mandinga não carrega o patuá.



O vice-presidente, o ministro e a CPI

    

Ivar Hartmann

O que relato é do conhecimento comum. O presidente sempre minimizou o vírus chinês e sua gravidade. Ria da máscara e do distanciamento. Protelava a compra de vacinas porque dizia que a cloroquina resolvia tudo. Os direitopatas, termo criado por mim, porque abriga o inverso dos esquerdopatas, concordavam com o ídolo. O seu terceiro ministro da saúde, Pazzuelo, incompetente mas serviçal, conseguiu deixar Manaus sem oxigênio. Centenas de pessoas morreram por causa disso na capital da Amazônia. Vexame internacional. Com o aumento dos casos, sem providências rápidas que implicavam em aumentar a infraestrutura hospitalar, mandou transferir os doentes para outros estados. Quando já se sabia que havia uma cepa local, pior que a original, chamada de Manaus, mais resistente e que acabou por disseminar o vírus pelo país, como é o caso atual do Rio Grande do Sul. Os países civilizados que tiveram surtos locais, fizeram o oposto: fecharam o território infectado.

A imprensa chapa branca diz que não somos os piores do mundo em mortes per capita. Grande consolo para quem perde familiares e amigos. O esperto governador de São Paulo, importou vacinas da China e obrigou o governo a comprar também. As fake news das redes sociais, deturpando a verdade, coisa natural para políticos, tentam fazer de Bolsô o herói do momento. Parece o contrário: o vice presidente deu entrevista há pouco dizendo que o que faz um ministro da saúde é de responsabilidade direta do presidente, de quem é subordinado. Deveriam lê-la. É o general vice presidente da República, acusando seu chefe, capitão. A CPI da Pandemia vai sair. No Japão, Pazzuelo iria para a cadeia ou cometeria haraquiri.

Promotor de Justiça aposentado - ivar4hartmann@gmail.com

domingo, 21 de março de 2021

Sujou geral

 



Mega-Sena sai para duas apostas simples



Duas apostas acertaram os números da Mega-Sena sorteados ontem.

As dezenas premiadas foram: 06 - 18 - 25 - 30 - 42 - 54.

Cada uma aposta faturou o prêmio de R$ 22.779.788,25.

O valor total pago foi de R$ 45 milhões, divididos entre um bilhete de Salvador (BA) e outro de Brasília (DF). 

O sorteio ocorreu ontem à noite, em São Paulo.

As duas apostas foram feitas pela internet. 

Cada ganhador pagou apenas R$ 4,50 pelo bilhete premiado do concurso nº 2.354.


terça-feira, 16 de março de 2021

Ministro Pesadelo sai da Saúde

 

Juízes e promotores também são responsáveis

   

Ivar Hartmann

Cada dia são mais insensatas as decisões dos ministros do STF, divindades brasileiras que tudo podem, inclusive mudar as leis sem aprovação do Congresso e sanção do Presidente. Vem por e-mail ou whatsapp pedidos para assinar listas a favor da cassação do ministro tal ou qual do STF. Estas listas tem dois resultados: 1, servir de riso e chacota para os tais ministros; 2, serem atiradas em um canto qualquer no Senado. Um Senado cheio de senadores processados, vai processar seu juiz? Outra proposta é mudar a Constituição, para que os Ministros do STF sejam os juízes brasileiros mais antigos. Nunca irá prosperar. Os presidentes brasileiros descobriram que o STF é um ótimo local para colocar seu advogado predileto, independente de ser ou não probo e competente, desde que lhe garantam auxilio futuro em seus interesses.

Não tem então solução? Tem! Na América Latina, bandido impune é senador, deputado federal ou ex-presidente. A Constituição Brasileira diz que para ser ministro do STF o brasileiro deve possuir notável saber jurídico e ter reputação ilibada. Notável saber jurídico e reputação ilibada. O PT não liga. Indicou um que rasgou a Constituição. Outro que tinha negócios com um ex-governador corrupto. Um terceiro despacha em um processo de banco no qual tem interesse. Provavelmente não estariam no STF se os juízes e promotores do Brasil, tivessem, em tempo hábil, feito o que lhes compete como guardiães e fiscais da lei:  estudar os nomes indicados pelo Presidente para o STF. A acomodação destes guardiães faz o Brasil pagar alto preço.

Promotor de Justiça aposentado - ivar4hartmann@gmail.com

segunda-feira, 15 de março de 2021

A metamorfose

 Luiz Fernando Veríssimo


Uma barata acordou um dia e viu que tinha se transformado num ser humano. Começou a mexer suas patas e viu que só tinha quatro, que eram grandes e pesadas e de articulação difícil. Não tinha mais antenas. Quis emitir um som de surpresa e sem querer deu um grunhido. As outras baratas fugiram aterrorizadas para trás do móvel. Ela quis segui-las, mas não coube atrás do móvel. O seu segundo pensamento foi: “Que horror… Preciso acabar com essas baratas…”

Pensar, para a ex-barata, era uma novidade. Antigamente ela seguia seu instinto. Agora precisava raciocinar. Fez uma espécie de manto com a cortina da sala para cobrir sua nudez. Saiu pela casa e encontrou um armário num quarto, e nele, roupa de baixo e um vestido. Olhou-se no espelho e achou-se bonita. Para uma ex-barata. Maquiou-se. Todas as baratas são iguais, mas as mulheres precisam realçar sua personalidade. Adotou um nome: Vandirene. Mais tarde descobriu que só um nome não bastava. A que classe pertencia?… Tinha educação?…. Referências?… Conseguiu a muito custo um emprego como faxineira. Sua experiência de barata lhe dava acesso a sujeiras mal suspeitadas. Era uma boa faxineira.

Difícil era ser gente… Precisava comprar comida e o dinheiro não chegava. As baratas se acasalam num roçar de antenas, mas os seres humanos não. Conhecem-se, namoram, brigam, fazem as pazes, resolvem se casar, hesitam. Será que o dinheiro vai dar ? Conseguir casa, móveis, eletrodomésticos, roupa de cama, mesa e banho. Vandirene casou-se, teve filhos. Lutou muito, coitada. Filas no Instituto Nacional de Previdência Social. Pouco leite. O marido desempregado… Finalmente acertou na loteria. Quase quatro milhões ! Entre as baratas ter ou não ter quatro milhões não faz diferença. Mas Vandirene mudou. Empregou o dinheiro. Mudou de bairro. Comprou casa. Passou a vestir bem, a comer bem, a cuidar onde põe o pronome. Subiu de classe. Contratou babás e entrou na Pontifícia Universidade Católica.

Vandirene acordou um dia e viu que tinha se transformado em barata. Seu penúltimo pensamento humano foi : “Meu Deus!… A casa foi dedetizada há dois dias!…”. Seu último pensamento humano foi para seu dinheiro rendendo na financeira e que o safado do marido, seu herdeiro legal, o usaria. Depois desceu pelo pé da cama e correu para trás de um móvel. Não pensava mais em nada. Era puro instinto. Morreu cinco minutos depois , mas foram os cinco minutos mais felizes de sua vida.

Kafka não significa nada para as baratas…

Nessa obra, Veríssimo nos presenteia com uma narrativa envolvente, que associa o humor a um caráter filosófico e questionador.

Ele se referencia na obra Metamorfose de Franz Kafka, na qual um homem se transforma em uma barata.

Entretanto, aqui ocorre a transformação inversa, sendo uma barata que se humaniza, convertendo-se em mulher.

Veríssimo encontrou assim uma forma de trazer questionamentos importantes sobre a sociedade e o comportamento humano. Isso porque a todo momento ele evidencia o contraste entre o instinto versus o raciocínio.

Ele usa a barata como símbolo do irracional, mas ao descrever as complicações presentes na vida cotidiana dos seres humanos, nos faz pensar em como a própria existência e os nossos costumes são complexos. Isso é acentuado através da classe social humilde a que a mulher é inserida.

A barata, depois que vira humana, passa a se chamar Vandirene e encontra trabalho como faxineira, passa por problemas financeiros e cotidianos típicos de mulheres da classe baixa, mas por um golpe de sorte, ganha na loteria e enriquece.

Nessa passagem, o autor deixa subentendido como é improvável que uma pessoa pobre consiga ascender socialmente, colocando por terra a hipótese de que se alguém trabalhar muito conseguirá ficar rico, pois Vandirene havia batalhado, mas só teve dinheiro quando acertou na loteria.

Por fim, a mulher acorda um dia e percebe que havia se transformado novamente em inseto, era apenas impulso, não havia mais problemas, e, por isso a felicidade era completa.

Essa conclusão sugere que ao final da vida todas as pessoas vão igualmente perdendo a consciência, se transmutando em puro instinto, e que o dinheiro que ganharam ou não em vida já não faz o menor sentido.




terça-feira, 9 de março de 2021

Os italianos da Serra Gaúcha

  

Ivar Hartmann

Para a faculdade em Passo Fundo a viagem era por estrada de terra, em um ônibus noturno de Porto Alegre. Serra enorme, curvas, sobe e desce por estradas estreitas. Muito frio no inverno. Uma vez que fui buscar minha irmã e as filhas em Iraí, por esta perigosa estrada de terra, e a velha Mercury perdeu os freios de tanto serem usados, na serra das Antas. Serras, rios e matas. Pouca gente morando. Como plantavam e viviam? Voltando algumas dezenas de anos. O litoral do Rio Grande do Sul e entrando para as Missões, é uma terra plana onde criar gado implicava em pouco trabalho em enormes extensões. Aí estavam os portugueses, primeiros a chegar. Depois a Imperatriz Leopoldina, austríaca casada com Pedro I, patrocinou a vinda de alemães para o Brasil e o Rio Grande do Sul. Como não havia mais terras planas e facilmente aráveis, foram deslocados para várias regiões do Estado e, nas proximidades da Capital, ocuparam as terras entre ela e as faldas da grande Serra Geral, hoje chamado Serra Gaúcha.

Sobrou aos imigrantes italianos quando vieram algumas décadas depois desbravar estas serras. Montanhas e vales cobertos de florestas. Sem estradas ou órgãos do governo. Protegidos apenas por sua tenacidade e culto a Deus. Gente rude e trabalhadora. Trabalhando com vontade e desejo de vencer. Logo, no meio da mata sugiram alguns povoamentos e alguns gringos mais aptos, abandonaram a lavoura para trabalhar no pequeno comércio e indústria. E, indústria é o que nunca faltou a esta gente. Vá a serra para ver e sentir. Trabalhadores antes pobres que com seu trabalho enriqueceram e enriquecem o Brasil. Oxalá todo brasileiro fosse igual, é o maior elogio que se lhes pode dar.

Promotor de Justiça aposentado - ivar4hartmann@gmail.com