Duas flores enfeitam os jardins do Sul nesta época do ano: hortênsias e jasmins. As primeiras, pela quantidade, tapam os pés dos arbustos onde nascem e formam um espetáculo que é a melhor moldura das cidades serranas gaúchas de Nova Petrópolis, Gramado e Canela. Seu único pecado é não terem perfume. Outras, são os jasmins, flores de muitas variedades, em tonalidades de pétalas brancas que perfumam os ares e os lares, mesmo quando já estão secando.
Houve tempo, na Serra Gaúcha, onde ambas as flores, em contato com poucos humanos, floresciam livres, buscando espaços para mostrar sua beleza. Umas, aumentando as flores de seus pés, outras, perfumando o seu entorno. Cada qual querendo ser mais agradável aos colonos que iam entrando nas matas, derrubando árvores, na busca de terras para lavrar e sustentar suas famílias. Nestas terras iam encontrando as flores. E as escolhas que os colonos faziam, entre uma e outra, provocavam ciúmes. Sim, porque as plantas, criaturas de Deus como os animais, também tem certos sentimentos.
O Menino Jesus é Deus e eterno. Assim, é idoso e criança ao mesmo tempo. Quando começava a ficar frio na Europa, ele que tinha nascido na soleada Belém, preferia os campos amenos da Serra Gaúcha e comprazia-se em deitar com as hortênsias que eram cercas floridas e os jasmins que perfumavam o ambiente. Por ser Deus, notou a animosidade entre tão lindas plantas. Para impedir que a perfeição das flores, fruto da criação de seu Pai, fosse contra a paz que devia reinar nas serras, resolveu separar umas das outras. Por isso hoje, onde as hortênsias mostram sua exuberância, não há jasmins por perto. E, ao contrário, onde eles perfumam os ares, as hortênsias são poucas. Piegas e verdadeiro.
Promotor de Justiça aposentado
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