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quinta-feira, 29 de novembro de 2018

A cruz que carrego


O marido chega da igreja, abraça a esposa amorosamente e começa a dançar com ela pela sala de estar.
Surpresa com aquele gesto, que estava esquecido desde os tempos de namoro e de amassos, tempos de aquilo na mão e a mão naquilo, ela pergunta:
- Amor, a missa hoje foi sobre como tratar bem as esposas?
E ele, na bucha:
- Não: foi sobre como carregar a nossa cruz com alegria!

Agora feda

Brasil


TODA VEZ QUE 
UM POLÍTICO
SE EXPLICA,
O BRASIL FICA
AINDA MAIS 
INEXPLICÁVEL.

Gilson Variedades

Técnica

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Moças finas

Barbara Gancia
Para aí, pentelha
Pra eu poder te desenhar,
Eu sou a tua pinça, mina,
Cheguei pra te depilar.
Te penteio com o meu pente, nega,
Te pinto com minha broxa, grenha,
Despenteio atua tocha, cheia,
Faço o teu pelo desenrolar.
Pelo sim e pelo não,
Não me faz embaraçar,
Que eu te descabelo toda, mola,
Pena e pluma a deslizar.
Me revolto e revolvo,
Minha garofina fina,
Faço de você, boneca,
Cabeluda colombina.
Mexe-mexe as madeixas,
Mata densa emaranhada,
Mete isso na cabeça,
Mecha luz enraizada.
O meu pente banguela,
Todos os dentes perdeu,
A tua crina, megera,
Minha palma amoleceu.
Fica paradinha aí,
Que eu quero só te espiar,
Faz de mim o teu reflexo,
Tua imagem a me mirar.

Teste de visão



quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Diarreias mentais - CXXIV


Machismo

Quando ainda não havia o politicamente incorreto.
Quando uma cantada ainda não era “assédio sexual”
Quando ser machista era grosseiro, mas ainda não era antifeminismo, num bar, um grupo de rapazes conversava, informalmente, sobre mulheres.
Então, um deles, disse:
– Os mais experientes, dizem que das mulheres brasileiras, a carioca é a mais ardente, a nordestina é a mais amorosa e a gaúcha é a mais fiel!
E concluiu, fechando com o seu machismo:
– Daí o meu sonho é casar com uma nordestina, ter uma amante gaúcha e trair as duas com uma carioca!

Ciduca Barros é escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha

Velhinho sincero

Um ancião de 80 anos foi acusado de estupro.
No tribunal, a advogada do idoso segura o pênis do réu, balança e pergunta à juíza:
- Vossa Excelência acredita que este bilau  desfalecido, mais mole do que mingau de maizena, poderia violentar alguém?
O velho murmura ao pé do ouvido da advogada:
- Não balance muito, senão a gente perde a causa...

Cenas do Brasil



Comerciante



Sertanejando


DALINHA CATUNDA
Quando escancaro a porteira
Para entrar em meu rincão
A dona felicidade
Faz festa em meu coração
Uma brisa benfazeja
Invade essa sertaneja
Que não esquece o sertão.
Cada tarde é deslumbrante
Ver o ocaso acontecer
Por detrás da serra grande
Assisto o sol se esconder
Deixando um resto de luz
Crepúsculo que seduz
No dourado entardecer.
Tibungando em minhas águas
Eu vejo o sol desmaiar
Entre um mergulho e outro
Consigo me refrescar
E na boquinha da noite
O Aracati é açoite
Que chega com o luar.

Agora feda



terça-feira, 27 de novembro de 2018

A sequestradora




A loira não conseguia passar nos testes para nenhum emprego. 
Resolveu tomar uma atitude extrema para ganhar dinheiro:
- Vou sequestrar uma criança! Com o dinheiro do resgate eu resolvo a minha vida - pensou.
Ela se encaminhou para um playground, num bairro de luxo, viu um menino muito bem vestido, puxou-o para trás da moita e foi logo escrevendo o bilhete: 
- Querida mãe isto é um sequestro. Estou com seu filho. Favor deixar o resgate de R$10.000,00, amanhã, ao meio-dia, atrás da árvore do parquinho. Ass: Loira sequestradora.
Então ela pegou o bilhete, dobrou, colocou-o no bolso da jaqueta do menino, e recomendou:
- Agora vai lá e entregue esse bilhete para a sua mãe.
No dia seguinte, a loira vai até o local combinado. 
Encontra uma bolsa. 
Ela abre e... os R$10.000,00 em dinheiro estão lá!
Junto, um bilhete dizendo:
- Está aí o resgate que você pediu. Só não me conformo com o seguinte: como uma loira pôde fazer isso com outra?

O futuro dos derrotados

Ivar Hartmann

Temos no Brasil, hoje, uma montanha de derrotados pelas urnas. Tradicionalmente os legislativos sofriam mudanças em suas composições uma vez apurados os votos. Desta vez, no entanto as mudanças não são mudanças, são faxinas mesmo. A grande maioria dos políticos cafajestes processados, não se reelegeu. Os medrosos com as urnas trocaram o Senado onde precisavam de  milhões de votos, pela deputação, onde alguns milhares resolviam. Como a notória Gleisi Hoffmann, mandalete do Lula, ou Aécio Neves. E o caso da Dilma hem? Ralada! Escapou o Renan Calheiros e ele estará com o rabo entre as pernas, porque agora, a Polícia Federal com mais força e o Ministério da Justiça nas mãos de um juiz incorruptível, o terão sempre na alça de mira. São perdedores regionais. Mas temos grandes perdedores nacionais. Aqueles que julgavam fazer a cabeça dos brasileiros e que julgavam tê-los sob absoluto controle. Uma espécie de cidadãos robôs, alheios a vida e ao mundo, obedientes às ordens de seus chefes.
Ovelhas sem cérebros para pensar. E assim foi por anos. Faltava apenas um líder. Notem: qualquer líder. Porque, analisem bem: um capitão sem capital, um deputado sem bancada, um partido sem tradição, uma campanha política sem poder falar, grande imprensa mentindo contra, como é que um sujeito assim pode se eleger presidente? Só pela união do povo. O Brasil não votou em Bolsonaro. Votou contra o PT, campeão da bandidagem de colarinho branco e o ditador Lula. Votou contra os comunistas. Votou contra professores corrompidos por ideologias. Votou contra as televisões e jornais que se imaginavam donos da vontade dos brasileiros. Votou contra as grandes empresas brasileiras envolvidas em negociatas com políticos. Votou contra os grandes artistas nacionais que se julgam deuses. E, padres e pastores, crentes e moralistas, o que resta da família brasileira, votou contra a Rede Globo. O teatro do pior dos mundos. A campeã da putaria desenfreada.


ivar4hartmann@gmail.com

Indecisão feminina



Dinheiro

Eu quero 
dinheiro 
apenas pra 
ser rico.
John Lennon

Agora feda



Testamento

Manoel Bandeira

O que não tenho e desejo
É que melhor me enriquece.
Tive uns dinheiros - perdi-os...
Tive amores - esqueci-os.
Mas no maior desespero
Rezei: ganhei essa prece.

Vi terras da minha terra.
Por outras terras andei.
Mas o que ficou marcado
No meu olhar fatigado,
Foram terras que inventei

Gosto muito de crianças:
Não tive um filho de meu.
Um filho!... Não foi de jeito...
Mas trago dentro do peito
Meu filho que não nasceu.

Criou-me desde eu menino,
Para arquiteto meu pai.
Foi-se-me um dia a saúde...
Fiz-me arquiteto? Não pude!
Sou poeta menor, perdoai!

Não faço versos de guerra.
Não faço porque não sei.
Mas num torpedo-suicida
Darei de bom grado a vida
Na luta em que não lutei.


Notícia que garante o inverno no Nordeste

Mulher de Faustão veste
o vestido de casamento
 depois de 16 anos
Luciana Cardoso (Foto: Reprodução/Instagram)

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

O menino

Foto: iStock
Heraldo Palmeira

Saí da garagem do prédio do escritório e tomei o asfalto. Para variar, o trânsito estava ruim, como todos os dias. Paciência! Era melhor não ter pressa, para poder chegar em paz em casa. Segui naquele cortejo que encurrala a vida. Não havia o que fazer além de ligar o rádio do carro.

Fiquei pensando que nunca me separei do menino que vive em mim desde a infância. Tenho com ele uma convivência pacífica. Evito que sua inocência sofra com as dores da vida adulta, para que não perca a pureza de que precisamos lançar mão em alguns momentos. E sempre fico a sós com ele se preciso de ajuda, porque fala coisas que não sei dizer, enxerga saídas que não encontro.

Talvez seja difícil acreditar, mas é esse menino interior que me ajuda a manter a serenidade e a firmeza em situações incomuns. Talvez por que ele seja um sonhador, um sujeitinho de bem com a vida que deu de enxergar sempre um passo adiante. E cada vez mais confio nele, inclusive meus segredos – até aqueles que eu gostaria de esquecer.

Havia uma multidão diante da matriz da minha cidadezinha. Era festa da padroeira, missa campal de encerramento, gente vinda de várias cidades, das redondezas e mais alhures – tem quem calcule vinte mil pessoas todos os anos, naquele dia.

De repente, um menino raquítico, assustado rompeu a área reservada, subiu em desespero a escadaria central do átrio, chorando aos gritos e foi direto na direção do bispo que presidia a celebração. Mas driblou o sacerdote e seus auxiliares, e seguiu para dentro da matriz vazia.

Agi por impulso e fui atrás. Ele procurava a mãe. Descalço, sujo, cansado, apavorado. Estendi os braços e ele veio sem titubear.

Comecei a falar baixinho no ouvido dele, palavras de acalmar. Foi se deixando aceitar naquela nova situação, só queria amparo. Eu, homenzarrão, querendo chorar minha paternidade revivida naquela criaturinha. E ele me apertava com carinho, confiante, seguro. Passo seguinte, deitou a cabecinha no meu ombro, entregue, calmo.

Saímos da matriz assim, direto no altar solene daquela festa. Percebi que todos os olhares nos acompanharam, enquanto fomos para a lateral conversando ao pé do ouvido. De imediato, principalmente as mulheres me cercaram prontas para ajudar – o sentido de maternidade é algo fantástico!

Todos tentávamos arrancar do menino alguma informação que pudesse nos ajudar a encontrar seus familiares. E ele permanecia agarrado ao meu pescoço recusando qualquer outro braço que se apresentou.

Um dos coroinhas me avisou que na base da escadaria central, diante do altar, havia uma moça se dizendo tia do menino. Lá fomos nós conversando, mas ele recusou os braços que ela estendeu. Disse baixinho no meu ouvido que não queria ir e pareceu sentir medo.

Fui tomado pelo dilema de entregar uma criança desconhecida a outra desconhecida. E voltamos para o ponto anterior, cercados pelas mulheres aflitas. Corria a missa e logo eu teria funções na liturgia, na hora de conduzir com a equipe o andor com a imagem da padroeira para dentro da matriz.

Começamos a cogitar chamar as autoridades, até que alguém deu uma pista, o menino era de uma família de moradores de um sítio perto da cidade. E a moça voltou, desta vez trazendo uns chinelos na mão. Eu perguntei ao menino se eram dele, confirmou balançando a cabeça. Desci-o para o chão, os calçados serviram perfeitamente, como revivendo o conto de Cinderela no masculino e em pleno sertão do Nordeste.

Ele já estava mais calmo, aceitou ir com a moça. Ela nos explicou quem era a mãe e todos nos lembramos de tê-la visto por ali, momentos antes de a celebração começar. Quando tudo parecia bem, chegou a hora de nos despedir. O menino ergueu os bracinhos, queria meu colo, recusava ir embora. Como não me curvei para pegá-lo, agarrou-se à minha perna, irredutível.

Tomei-o novamente nos braços, saímos do assédio das pessoas e conversamos um pouco. Falei palavras brandas – acho que ele nunca ouviu isso de nenhum homem da família, muito menos de alguém do meu tamanho, de uma voz grave. Parou de soluçar e prometeu que iria com a tia, mas combinamos nos reencontrar dali a um ano, novamente na festa da padroeira. Ele apenas concordava com movimentos de cabeça, incapaz de entender o hiato do tempo.

Voltei à realidade engarrafada pela fuligem dos automóveis quando o locutor anunciou três tempos dos Secos & Molhados, retirados daquele disco lendário com as cabeças servidas de bandeja na capa.

Leve, como leve pluma
Muito leve, leve pousa
Na simples e suave coisa
Suave coisa nenhuma
Que em mim amadurece

Não sei se o menino vai lembrar do nosso compromisso, mas estarei lá conforme combinado. E meu braço, envelhecido mais um ano, ainda parecerá firme para ele.

Andei mais um pouco quase sem sair do lugar, ilhado naquele mar de carros na região de hospitais e cemitérios, estranha e premonitória conexão da metrópole nos dois lados da grande avenida. Como se ao destino bastasse apenas atravessar a rua para estar finado. E as rosas já estavam ali mesmo, entupindo barracas, fingindo enfeitar o cortejo urbano.

Dois semáforos adiante, um rapazola magérrimo perambulava entre os carros. Tinha um sorriso e uma esperança incompatíveis com aquela realidade. Arrisquei abrir o vidro e assumi os riscos, e em pouco tempo ele desistiu de tentar outros carros. Ficamos conversando, meu corpo dividido entre o ar refrigerado vindo pelo lado direito e o calor poeirento entrando da rua pelo lado esquerdo.

Seguimos ele e eu, esforço mínimo sobre o asfalto. Passo a passo (para ele) e metro a metro (para mim) – o conforto do câmbio automático, apenas pisar e soltar levemente o pedal do freio. Um leve chuvisco, mas ele quis seguir, os respingos molhando seu corpo e o meu braço. Fiquei pensando se deveria convidá-lo a entrar para seguirmos a prosa, mas confesso que aquela foi uma das primeiras vezes que fiquei sem resposta para uma dúvida. Até o meu menino da infância se absteve de opinar.

O rapazola me disse que tinha sido expulso de casa quando resolveu assumir sua homossexualidade. O masculino do pai ameaçou de morte, o feminino da mãe esvaiu-se em pranto. Ela morreu pouco depois, ele acha que de desgosto pela separação forçada. Era filho único. Perdeu a escola cara. Caiu nas ruas. Sem destino, sem sentido. Sem medo porque não havia mais o que perder. Espaço vazio para qualquer temor.

O chuvisco parou. Eu tentei chorar apenas com o olho direito, para não ser visto em lágrimas. Pendi um pouco a cabeça para o lado direito, como se a lei da gravidade pudesse ajudar ali. Ele tentou com o esquerdo, pois caminhava lado a lado, com a mão posta sobre a porta do carro como quem sonha lançar âncora. Resolvemos liberar os olhos centrais, o meu esquerdo, o direito dele. Fazia mais sentido. Chorar pleno às vezes faz bem.

Eu não sei dizer
Nada por dizer
Então eu escuto
Se você disser
Tudo o que quiser
Então eu escuto
Fala
Se eu não entender
Não vou responder
Então eu escuto
Eu só vou falar
Na hora de falar
Então eu escuto
Fala

Ouvimos a música em silêncio. “Eu adoro esses caras, eram de outro planeta” – ele disse ao fim, com autoridade. Apenas balancei a cabeça, concordando.

Eu ia dobrar à direita no próximo semáforo, na esquina final do cemitério, ficar livre daquele cortejo quase fúnebre. Dei a ele um dinheiro maior para ajudar, sem atribuir valor. Não tinha preço aqueles minutos em que dividimos o mesmo mundo. Nos despedimos ali, com um aperto de mão firme, prometendo outra conversa qualquer dia naquele engarrafamento eterno.

Fiquei olhando-o ir embora, cada vez menor no retrovisor. Acionei o vidro elétrico e fechei meu mundo novamente. Olhei aquele painel enorme, couro e madeira gritando que nada tem valor absoluto. Tudo tão claro, um desânimo, uma carga de interrogações.

É claro que eu não poderia ignorar minha história, mas gostaria de saber porque fui eu quem achou o caminho para estar dentro do carro e agora me sentir absolutamente incapaz de fazer algo melhor.

A avenida que tomei estava calma ladeira abaixo, poucos carros, sem ninguém nas calçadas escuras. Um mendigo juntava porcarias pelo chão, um cachorro lúdico abanava o rabo para ele. O encontro quase suicida de quem não tem para onde ir e faz da rua um destino, e acha os seus que não são de ninguém. E seguem porque o jeito é seguir. E seguimos pois não há outro jeito de escapar.

A voz do locutor avisou que os três tempos estavam chegando ao fim e anunciou a última música.

Pensem nas crianças mudas, telepáticas
Pensem nas meninas cegas, inexatas
Pensem nas mulheres, rotas alteradas
Pensem nas feridas como rosas cálidas
Mas, oh! Não se esqueçam da rosa, da rosa
Sem cor, sem perfume, sem rosa
Sem nada

Pensei no menino em meu colo seguro. Pensei no rapazola pouco mais que um menino que já não cabia nos meus braços inseguros. Pensei no mendigo e seu cachorro fuçando porcarias que talvez eu mesmo tenha jogado pela janela. Pensei em mim incapaz de fazer algo melhor do que dirigir, ouvir e calar. Sem coragem para desligar o ar-condicionado e abrir os vidros em busca de ar. Sem nada para dizer. Sem ninguém para me escutar. Sem rosa. Sem nada!

Comecei a contar os minutos para chegar em casa e ficar a sós com o meu menino da infância. Tínhamos muito o que conversar.

Trechos de:
Amor (João Apolinário-João Ricardo)
Fala (João Ricardo-Luli)
Rosa de Hiroshima (Gerson Conrad-Vinícius de Moraes)

HP é documentarista, produtor cultural e colaborador do 
Bar de Ferreirinha

Diferença

A diferença entre a galinha e o político
é que o político cacareja e não bota o ovo.
                                      Millôr Fernandes
        


Cheirinho

Memes bombam na Internet após Flamengo perder o título




Teste

Teste rápido de Alzheimer
Teste simples e rápido do mal de Alzheimer
Complete rapidamente as palavras:


_ARALHO

V_ADO

_ _ CETA

_ERDA

POR_A

F_DA

_O_OTA

Pronto? Sem roubar, hein!
Confira as respostas:
BARALHO

VOADO

FACETA

PERDA

PORTA

FADA

LOROTA

Pensou outra coisa?

Relaxe, você não tem Alzheimer.

O que você tem é a mente suja, mesmo!