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sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Os cachorros estão putos com a Corona

 




Puta de qualidade

 




Hino rio-grandense de todos nós

Ivar Hartmann

O “politicamente correto” é a moda. Qualquer coisa que qualquer pessoa entender esteja errado é denunciada. No exagero, um jogador de futebol uruguaio, foi multado por estúpidos ingleses, por ter usado a expressão “negrito” de uso comum em sua terra, ao cumprimentar um colega. O Uruguai em peso se levantou contra e a própria Conmebol saiu em seu auxílio. Há pouco alguns vereadores de Porto Alegre se recusaram a ficar em pé na execução do Hino Rio-grandense por que este teria uma estrofe racista. Me lembra um deputado brasileiro que queria tirar do nosso Hino o verso: deitado eternamente em berço esplêndido. Seria um ode à preguiça que prejudicava o Brasil.  No caso em tela um dos vereadores, para justificar seu ato, alegou um curso de mestrado em história que está fazendo. Então, eu alego dois livros publicados sobre a Guerra dos Farrapos. Mais de dez anos como professor de História do Brasil e do Rio Grande do Sul para fazer meu alegado.

O verso é: “povo que não tem virtude acaba por ser escravo”. Na época o Brasil vivia sob o regime de escravidão negra. Então, segundo os vereadores, o verso quer dizer que os negros não tem virtudes. O autor da música é um negro, o maestro imperial Joaquim José de Medanha, preso na Batalha do Rio Pardo e criador do hino. Alceu Collares é um conhecido político gaúcho. É negro. Foi deputado, Prefeito de Porto Alegre e Governador do Estado. Cantou e levantou-se centenas de vezes durante sua vida pública quando tocado o Hino Rio-grandense. Nunca se sentiu ofendido pelo verso. Voltemos ao Medanha. A República Rio-grandense, a época em guerra com o Império do Brasil, era composta de brancos, negros e índios. O povo gaúcho, como até hoje, é composto pela miscigenação destas raças que, somados aos imigrantes mais recentes formou o que os cantadores chamam de raça gaúcha. E o hino é isso: um chamamento para os rio-grandense à guerra. Todos os rio-grandenses, independentes de cor, que, à época, eram explorados pelo Império. Qualquer outra ilação é para aparecer na mídia.

Promotor de Justiça aposentado - ivar4hartmann@gmail.com

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

sábado, 16 de janeiro de 2021

Epitáfio

 

 Bocage

Lá quando em mim perder a humanidade
Mais um daqueles, que não fazem falta,
Verbi-gratia – o teólogo, o peralta,
Algum duque, ou marquês, ou conde, ou frade:

Não quero funeral comunidade,
que engrole sub-venites em voz alta;
Pingados gatarrões, gente de malta,
Eu também vos dispenso a caridade:

Mas quando ferrugenta enxada idosa
Sepulcro me cavar em ermo outeiro,
Lavre-me este epitáfio mão piedosa:

“Aqui dorme Bocage, o putanheiro:
Passou a vida folgada, e milagrosa:
Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro.”






quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Globo, Record: drogas que assistimos

Ivar Hartmann

No tempo em que Sérgio Moro era Ministro, troquei o noticiário noturno de televisão, da Globo pela Bandeirantes. Lá havia um jornalista, Ricardo Boechat, culto e inteligente que era o âncora. Infelizmente morreu em um acidente aéreo de helicóptero, que mais tarde as investigações levaram a conclusão, que não podia voar. Cupidez humana. Como do acidente aéreo com o time de futebol da Chapecoense. A vontade de ganhar dinheiro sobrepuja a segurança e os infelizes passageiros embarcam para a morte. Bem, então nos mudamos para a TV Record e fomos ficando. Engolindo bobagens, perdendo tempo vendo os crimes mais escabrosos do Brasil sendo apresentados como fatos relevantes. A mulher que mata no Amazonas. O pai que joga o filho pela janela em São Paulo. E outras coisas do gênero. Tão importantes e desfocados da realidade que esquecemos no outro dia. Mas, à noite, os comentaristas voltam aos mesmos assuntos.

A TV Record é o pastor televisivo da Igreja Universal. Altamente comprometida com a Igreja. Como sou crédulo não me dei conta, até que sucessivas reportagens sobre a corrupção da Rede Globo, que nada mais é que uma concorrente, ou sobre Eduardo Paes, então concorrente a prefeitura contra o bispo Crivella da Universal me fizeram desconfiar. Apenas desconfiar porque sou brasileiro: a exceção dos políticos, todo mundo é bom. E parei de ver a Record. Bem a tempo. Os demais órgãos de imprensa na atualidade estão mostrando a forma com a Igreja Universal, o papa Edir Macedo e a TV Record manipulam as notícias relativas ao bispo Marcelo Crivella, alto mandatário da Igreja Universal, ex-prefeito do Rio de Janeiro, nos seus noticiários. Crivella, sobrinho de Macedo está na cadeia, por ladrão, até que o Gilmar Mendes o solte. Uma longa lista de crimes é atribuída a ele pelo Ministério Público que garante que mais de 50 milhões de reais foram manipulados pelo bispo e sua quadrilha. E a TV Record tão pródiga em narrar os roubos do Eduardo Paes, fica em silêncio. Não tem mais credibilidade. 

Promotor de Justiça aposentado - ivar4hartmann@gmail.com


  

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Monsenhor Tércio: síntese biográfica e outras anotações


Fernando Antonio Bezerra
 
Texto inserido no livro “Caicó de todos nós”, publicado no ano de 2018.

Ausônio Tércio de Araújo, filho de Ausônio Araújo e Maria Dalila de Araújo, nasceu no Sítio Tamanduá, em Currais Novos, no dia 12 de outubro de 1935. Ainda pensou em ser vaqueiro, mas logo foi tocado pela vocação sacerdotal. Assegura que não teve influência do único irmão, Ausônio Araújo Filho, que também fez opção pelo sacerdócio. Ingressou no Seminário, em Caicó, no ano de 1947, e em 1953 foi enviado para Roma onde concluiu Filosofia e Teologia. No dia 22 de fevereiro de 1960, foi ordenado sacerdote em cerimônia na Basílica de São Marcelo no Vaticano. Em 1962, depois de ter trabalhado em João Pessoa/PB, Currais Novos/RN e Cerro Corá/RN, voltou para Caicó e, de lá até hoje, caminha por suas veredas como sacerdote, educador, comunicador e cidadão. Um grande presente de Currais Novos para Caicó!

O MENINO DO TAMANDUÁ

O mundo inicial de Tércio tinha os limites do mundo que circundava o Sítio Tamanduá e a cidade de Currais Novos. Ele próprio declarou: “lá aprendi a ver o mundo; um mundo que não tinha muita extensão mapeada, cujos limites, porém eram meu mundo: avançava para Santa Cruz, mas não chegava a Natal, incluía Acari, Taperoá, as terras iguais às nossas da Paraíba e tinha longe Caicó, Jardim do Seridó, mas tinha também outras informações, preconceituosas algumas. Só o que era do sertão prestava. Brejeiros eram gente sem determinação, só serviam para ser mandados e não sabiam nada sobre cavalos e gado, só usavam bestas de carga. O litoral não merecia confiança. Era o mundo do Tamanduá que pensava assim ou era todo o sertão? Para mim o problema era inexistente. O Tamanduá era a medida do mundo”.

O Tamanduá o chamava para ser vaqueiro. Era o que pensava também o menino Tércio que, mais taludo, logo se tornou o mais frequente companheiro de seu pai, Ausônio, inclusive, na Prefeitura de Currais Novos, onde ele prestava serviços como funcionário público. Entre o mundo do Tamanduá e a realidade de Currais Novos passou a primeira infância.

Era um tempo cheio de vida. Currais Novos voltando-se para modernidade. Tempo onde ainda repercutia o levante comunista de 1935, em Natal, e muito se falava do cangaço, com personagens ainda vivos que ainda representavam ameaça ao contexto de tranquilidade da época. Aliás, além do comunismo e do cangaço, as ameaças da infância – ouvidas pelo menino Tércio – eram as brigas familiares e o dever de vingança que interrompiam, vez por outra, a paz de um sertão ainda marcadamente rural dos anos 30. 

Como estudante e sempre bom aluno, depois das mestras Rita de Cássia, Creuza, Elza Rosinha, do Grupo Escolar Capitão-Mor Galvão dirigido por Gilberto Pinheiro, Tércio enfrentou o ensino apurado ministrado no Seminário em Caicó. Dado o ensino de qualidade de Currais Novos, alicerce seguro mesmo aos 12 anos de idade, o jovem seminarista enfrentou com sucesso o novo desafio.

A VOCAÇÃO SACERDOTAL

A decisão de ir para o Seminário foi tomada de forma inesperada. Talvez o desejo já lhe fora presente no inconsciente, até pela decisão anterior de Ausônio de Araújo Filho, seu irmão mais velho, já seminarista. Tércio estava na Prefeitura acompanhando o trabalho do pai quando uma prima lhe foi comunicar a decisão do filho em ser Padre. Dona Izabel, a prima, com a comunicação que Omar Mentor iria para o Seminário provocou em Tércio a decisão que não lhe parecia presente: também desejava a vida sacerdotal. Antes, em brincadeiras com amigos, Ausônio, o pai, ao responder uma ou outra provocação sobre a vocação do filho mais velho, dizia: um vai ser padre e o outro (Tércio) vai ser frade!

Sem resistência do pai, Tércio foi conversar com a mãe. Maria Dalila, mais prática, reclamou do enxoval que precisaria providenciar. Sendo um internato, portanto, o enxoval – toalhas, roupas, etc. – era usual e necessário. O dinheiro era bastante limitado, mas tudo foi providenciado, inclusive, a vaga no Seminário. O ano letivo já tinha sido iniciado. Monsenhor Paulo Herôncio de Melo (1901-1963) foi o interlocutor junto a Dom José de Medeiros Delgado (1905 – 1988), então Bispo de Caicó. Tércio chegou, de fato, na segunda turma do Seminário Santo Cura d’Ars. Foi a sua primeira vinda a Caicó.

O Seminário de Caicó da época tinha uma formação mais rígida. A cidade, por sua vez, era diferente daquela de onde vinha. Por Caicó, resquícios da cultura da cana-de-açúcar e de uma agricultura prevalentemente mais próspera. Em Timbaúba, dos Batistas, por exemplo, eram famosos os engenhos, modelo de produção presente no polo seridoense liderado por Caicó. Os filhos das famílias tradicionais, naquela primeira época de Tércio em Caicó, tinham maior presença nos bancos universitários de Recife. Diferente de Currais Novos, uma cidade tendente a costumes modernos e mais próxima da influência de Natal. Foi, em apertada síntese, sua percepção de chegada. Em Caicó, estudou somente no Seminário. De 1947 a 1953, foi seu endereço principal.

Mesmo nas férias, a ida para casa não era por completa... Dom Delgado, bispo em Caicó de 1941 a 1951, mantinha em Florânia um Seminário ferial. Desejava conhecer melhor os seminaristas. No dia a dia não tinha tempo. Procurou construir um momento para tal proximidade. E assim consolidou Florânia como território de formação complementar para os seminaristas diocesanos.

O Seminário funcionava vizinho ao Colégio Diocesano Seridoense, prédio que atualmente abriga a Emissora de Educação Rural de Caicó, na praça justamente nominada de Dom José de Medeiros Delgado. Na época, uma área de expansão urbana, praticamente rural. De lá acompanhou a vida que acontecia fora de seus muros, por meio de Revistas e do Rádio.

De Caicó seguiu para Roma. Era o mais jovem aluno de Filosofia. Um dos mais pobres da turma, tanto é que, nas férias, quando os colegas seguiam para conhecer Países da Europa, o seminarista Tércio se embrenhava pela própria Itália. Aliás, ainda encontrou o País se recompondo da 2º Guerra Mundial, cenários que ele conhecia das revistas e de filmes. Poderia ter tido até mais conforto pela Europa, mas não evitou receber auxílios ou eventuais benefícios. Sempre preferiu a liberdade, a independência.

A DOR SENTIDA LONGE

Na Europa, reclinado sobre os estudos, recebeu a mais triste notícia do tempo de seminarista: seu pai, Ausônio, falecera em Currais Novos. Quando a mensagem chegou em Roma, de fato, Ausônio já havia sido sepultado. Partiu cedo para o horizonte que a fé nos faz enxergar. Nada podia fazer o jovem Tércio do outro lado do Oceano, sem sequer  dispor de comunicação para se inteirar do acontecido. Não havia parentes próximos ou até amigos que conhecessem a dor ali vivida. Sozinho, viveu o momento de provação e tristeza diante da notícia recebida. Ausônio, o pai, era o melhor amigo de Tércio, o filho. Venceu a dureza da distância e da saudade pela disciplina e pela fé.

O REGRESSO E A MISSÃO

Regressando ao Brasil, foi recebido com festa em Currais Novos. Dona Maria, sua mãe, ainda de luto, mesmo vencido o período tradicional, demonstrava o respeito ao esposo Ausônio Araújo, homem de destacada grandeza e de muita fé. Se hoje Monsenhor Tércio é o pai espiritual de tantos, homem disponível para a missão, é devido um agradecimento especial a Ausônio, afinal, não é qualquer católico que entrega dois – e únicos – filhos ao sacerdócio, declinando, em consequência, da eventual descendência biológica de netos e bisnetos.

Ao regressar, contudo, não ficou inicialmente na Diocese de Caicó. Como foi preparado para ser mestre do ensino superior, Padre Tércio foi designado para atuar no Seminário Regional de João Pessoa (PB). Era uma experiência nova que reunia algumas dioceses do Nordeste. Não durou muito tempo. Padre Tércio voltou e passou a ser coadjutor de Monsenhor Paulo Herôncio de Melo, assumindo Cerro Corá.

Contudo, sua formação era para o magistério. Dom Manoel Tavares de Araújo (1912 – 2006), Bispo da Diocese de Caicó no período de 1959 a 1978, o designou para ser Vice-Reitor do Seminário Santo Cura d’Ars. Foi o regresso definitivo para Caicó, lugar da cátedra do Bispo. Aos poucos foi sendo convidado e assumindo funções: Paróquia de Nossa Senhora dos Aflitos, em Jardim de Piranhas; Paróquia de São José; Colégio Diocesano Seridoense; obras e movimentos religiosos.

Em Jardim de Piranhas, participou de uma experiência colegiada juntamente com os Padres Edmundo Kagerer e José Mário de Medeiros; no Diocesano, chegou como ViceDiretor; na Paróquia de São José, não foi o primeiro, mas o Pároco com maior tempo de atuação. Antes dele, Padre João Medeiros Filho e Edmundo Kagerer. Hudson Brandão de Araújo chegou a ser nomeado no início, mas não tomou posse. O próprio Bispo também atuava na Paróquia. A área de São José foi desmembrada da Paróquia de Sant´Ana.

Anos adiante, aliás, a Paróquia de São José gerou outras três: Santa Cruz, sediada em Barra Nova; Santo Estevão Diácono, no bairro Castelo Branco e  adjacências; São Francisco de Assis, a partir do Paulo VI. O território, por muitos anos, foi único e tinha em Padre Tércio o único e disponível sacerdote.

Depois de Dom Manuel Tavares, o Bispo escolhido para Caicó foi Dom Heitor de Araújo Sales, a quem Padre Tércio serviu como Vigário-Geral. No bispado seguinte – sob o pastoreio de Dom Jaime Vieira Rocha – continuou ocupando o mesmo cargo. Foi colaborador dos dois governos episcopais, ambos alinhados com a Igreja de Roma, mas com vocações diferentes. Dom Heitor, Bispo no Seridó que a gente ama, de 1978 a 1993, trabalhou duramente para organizar a Diocese, capacitar os sacerdotes, estruturar as pastorais, equilibrar as contas e o patrimônio. Dom Jaime (de 1996 a 2005), por sua vez, encontrou uma Diocese organizada, voltando-se para os movimentos sociais e gritou com maior ênfase, em nome do povo, por soluções para o desenvolvimento regional. Ambos contaram com a disponibilidade e o destacado esforço de trabalho de Monsenhor Tércio. Além de sacerdote, Monsenhor Tércio foi professor da rede pública de ensino, tanto estadual, quanto federal. Lecionou, inclusive, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Campus de Caicó, onde recebeu solenemente o título de Professor Emérito, maior honraria acadêmica. Participou durante muitos anos do Conselho Estadual de Educação, inclusive, sendo seu Presidente.

De fato, Monsenhor Tércio poderia ter sido na vida tudo o que desejasse. Inteligente, disciplinado e estudioso, o estimado Monsenhor, tendo título de Mestre e outros tantos de pós-graduação, escolheu, contudo, ser pobre. Seus proventos como servidor público aposentado servem para atender pedintes e manter uma modesta casa, com vasta biblioteca, na Praça Dom José de Medeiros Delgado, bem próxima às principais instituições onde atuou, sem remuneração, ao longo das últimas décadas: Colégio Diocesano Seridoense, Emissora de Educação Rural de Caicó, Paróquia de São José, Escola Pré-Vocacional, Círculo de Trabalhadores Cristãos, Diocese de Caicó, dentre outras. Quando o Papa Francisco encanta o mundo por sua simplicidade, a prática não é nenhuma novidade para Monsenhor Tércio que vive, realmente, um espontâneo voto de pobreza desde quando optou pela vida sacerdotal.

Aliás, uma história sacerdotal de mais de 50 anos com grandes feitos. Além de entregar sua própria vida ao serviço da Igreja, levou o Evangelho de Jesus Cristo através de seu próprio testemunho a milhares de pessoas e ergueu, por onde passou, Capelas para o culto divino e para organização das comunidades. Concluiu a Igreja de Santa Cruz, no bairro Barra Nova, e construiu outras sete Capelas em bairros de Caicó. Continua a ser Padre que reza, atende, confessa, pratica a caridade e estimula a consciência do povo a partir de críticas inteligentes, sempre bem colocadas e instigantes. A sua companhia mais frequente é o terço de Nossa Senhora; o seu escudo é a vermelhidão da pele nos dias de impaciência; a sua arma é a coerente fidelidade a Jesus Cristo.

A saúde oscilou muito ao longo das décadas já vividas. Já despistou a “moça caetana” umas três vezes. Vai bem mais longe, com a Graça de Deus!

DOS MUITOS TALENTOS

Não é fácil ser o que ele é: professor, radialista, administrador, pensador, pastor. Desafios, esperanças, sonhos, desalentos, injustiças, decepções, coragem, firmeza, alegrias, dentre outros tantos momentos e sentimentos que permearam uma vida de entrega a Deus e ao próximo. Certamente, nessa caminhada, uma das decisões difíceis foi se afastar da direção do Colégio Diocesano Seridoense (CDS) ao concluir 51 anos de efetiva atuação. A iniciativa de entregar o cargo de Diretor ao Bispo Diocesano em fevereiro de 2015 foi dele, mas, seguramente, não foi uma decisão fácil. A vida de Monsenhor Tércio se confunde com a história do Colégio Diocesano Seridoense. Ao lado de Dom Delgado e Monsenhor Walfredo Gurgel, ele é ícone do CDS e “mourão de aroeira” no terreno fértil da educação seridoense.

Também foi diretor da Emissora de Educação Rural de Caicó AM 830 por mais de 40 anos. De início, somente a Rural de Caicó AM; na década de 80, a Rural FM e, em 1995, a Rural AM Parelhas adquirida sob a liderança dele para a Fundação Sant’Ana. Aliás, Monsenhor Tércio atuou, também, em tratativas com familiares e outras articulações de apoio, para que a Fundação adquirisse a Rádio Currais Novos AM em 2015, mesmo já não sendo diretor das emissoras.

É presente, ainda, em sua vida as associações, os movimentos e as pastorais sociais. As Conferências da Sociedade de São Vicente de Paulo, por exemplo, foram reativadas com o seu pessoal empenho. As Irmandades, especialmente a dos Negros do Rosário, contam com ele em todos os instantes. O Círculo Operário foi outra instituição que dele recebeu o melhor entusiasmo.

O apoio à cultura é outro registro indispensável. Violeiros, atores amadores, pintores, escritores, enfim, a arte e os artistas receberam especial atenção de Monsenhor Tércio, particularmente, a cultura popular. Dela nunca se afastou e, com os meios disponíveis, sempre foi colaborador.

Portanto, o Seridó, a quem ele tanto serve, deve-lhe muitas homenagens. Ele é um otimista em relação ao futuro da região. Alegra-se com suas possibilidades. É fervoroso na crença de que, de fato, o povo do Seridó é especial.

Tanto assim que continua fazendo o que lhe cabe, trabalhando, inquieto, telefonando, reunindo, pregando. Ainda fará muito! É comprometido com todas as missões sob seus cuidados e sua disposição para o trabalho é impressionante. Padre sábio, comunicador eficaz, educador de gerações, amigo leal, Monsenhor Tércio é mestre de muitos talentos que deve ser reverenciado. 

A PALAVRA DE MESTRE

Oportunamente, diante das homenagens recebidas por ocasião dos 80 anos, no dia 12 de outubro de 2015, ele falou com moderação e simplicidade sabendo que sua mensagem passava a ser página da história:

“Não sou técnico em nenhuma área, respeito os que são. Não sou especialista em nada. Sou apenas uma pessoa que vê, respeita e deseja conservar e aumentar o bem que me cerca. Sou um trator guiado por pessoas competentes e temos um objetivo a alcançar. Não lutei para chegar aos níveis altos do poder, porque viver já é muito alto e gostoso. Aprendi a ensejar as pessoas bem prendadas por Deus a realizarem o bem a que estavam fadadas a realizar. Em todos os lugares, respeitando, os meus auxiliares fizeram maravilhas que os outros atribuem a mim e eram deles. Trabalhei muitas vezes com pessoas que não me estimavam, mas que eram fundamentais para a construção do bem e progresso do próximo. Eram pessoas importantes. Aprendi que, muitas vezes, o ótimo é inalcançável, há derrotas mesmo havendo todas as condições adequadas e exigidas para a vitória.

O ser humano se apequena quando está voltado para dentro de si mesmo e prefere o menos bom. Procurei não prejudicar ninguém nas vitórias. Será que sou um santo? São Paulo diz que ninguém se julgue. O julgamento é de Deus. A meu pai que um dia me perguntou o que finalmente eu queria, respondi, com tranquilidade de um pré-jovem: quero sorrir. Ele não gostou e retirou-se. Hoje, aos 80 anos, acho que não teria outra resposta. De fato não tinha sonhos, desejos especiais. “A coisa mais importante da vida é sorrir sempre nos bons e maus momentos”. Foi meu presente dado aos amigos na festa dos 50 anos de permanência no CDS, conselho que nem todos entenderam.

Deus deu-me sempre o privilégio de auxiliares privilegiados, na JOC, no CDS, na Paróquia, na Emissora, no Conselho Estadual de Educação... Eles fizeram o que eu devia fazer. Deus sabe e os têm no coração. Foram homens e mulheres, jovens e anciãos, técnicos, poetas, santos, famosos e humildes. Como poderia fazer tanto em uma vida tão curta? Somente 80 anos?

Não lerei sua longa lista. Eles estão guardados no meu coração e no de Deus.

Talvez alguns nem pensem que foram grandes.

Monsenhor Ausônio Tércio de Araújo

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Pe. Tércio, o Professor

 

Leonardo Braz, advogado

Gostaria de engrossar as fileiras que lamentam o falecimento de Pe. Tércio. Não vou ser redundante em dizer da grande perda para o RN, especialmente para o Seridó. Não vou exaltar sua qualidades de Padre, Monsenhor, Diretor do Colégio Diocesano Seridoense, Vigário Geral da Diocese, Diretor do Sistema de Rural de Comunicação, comunicador, membro do Conselho Estadual da Educação, etc. Quero exaltar a sua maior profissão, a sua maior qualidade: a de Professor.

Corria o ano da graça de 1998 e as aulas da UFRN começariam em uma quinta-feira pós carnaval, dia 26/02. No primeiro dia de aula, nós - os alunos calouros - chegamos mais cedo para tentar escapar do trote, de maneira que às 19:00h a sala já estava completa para a primeira aula. Naquele dia o Campus de Caicó inaugurava o curso de Direito e já no primeiro dia haveria aula efetiva, deixando a aula magna e demais solenidades acadêmicas para uns dias adiante. 

Enquanto não começava a aula, os alunos se apresentavam entre si, naquela balbúrdia saudável do primeiro dia de aula. No meio já de uma quase algazarra típica do Seridó, eis que adentra a sala o Juiz de Direito José Aranha Sobrinho acompanhado de Padre Tércio. Feitas as apresentações de praxe, José Aranha (que era o coordenador do curso) deixa a sala e se inicia a primeira aula com Padre Tércio sendo o professor. Quis saber nossos nomes completos, de onde éramos, o que fazíamos (muitos tinham sido alunos dele no CDS).

Na minha vez, ao dizer meu nome, ele já se adiantou e respondeu: sei que é de Acari! Encabulado, aquiesci. (Foi a forma discreta que ele achou de dizer que sabia do nosso parentesco). Estava diante de uma das referências educacionais do Seridó, não o conhecia pessoalmente, mas sabia de nosso parentesco relativamente próximo pelos laços da mãe dele com minha bisavó Cantidia. (Com o tempo ficamos amigos e ele sempre se referia às festas de S. João do Fazenda Talhado que eram organizadas por meu bisavô José Braz).

Em reuniões familiares já ouvira a história dos nosso parentes que, tendo apenas dois filhos varões, tinham-nos entregues à Igreja, acabando a expectativa da continuidade da prole biológica. Iniciada a aula, suas primeiras colocações foram como um trator passando sobre a turma. Naquele momento, ao ser confrontado nas muitas certezas dos meus 17 anos, percebi que havia chegado ao mundo dos adultos.

Padre Tércio começou a nos fazer perguntas simples (anos depois compreendi que ele utilizava a maiêutica socrática) que nos levavam  à profundas reflexões metafísicas. À medida que novas perguntas eram feitas, o silêncio do alunado se fazia maior, poderíamos ouvir a respiração do colega ao lado, ninguém ousara romper o silêncio para lhe responder. Incomodado com o silêncio que deixava o Professor falando só, tomei coragem e  resolvi responder, com minhas próprias ideias juvenis, uma das questões feitas por ele. 

Não me recordo bem da pergunta, nem tampouco da resposta que ofereci. Só me recordo da tréplica, lançada como espada afiada pelo professor grisalho de olhos azuis, que me atingiu de tal maneira que até hoje ecoa em meus pensamentos: e o que é a verdade? Sei que em minha resposta eu usara o conceito de “verdade” e ele como um bom enxadrista me deu um xeque mate, ali na frente de todos: o que é a verdade? Após ter sido trucidado por tão lacinante pergunta, senti um misto de vergonha por não saber responder e o desejo de descobrir a resposta.

A partir daquele dia não só eu, mas toda nossa turma, desenvolveu aquele misto de temor, admiração e bem querer que marcam as verdadeiras relações de alunos e mestres. Deste dia em diante, naquele semestre, as quintas-feiras eram sempre os dias mais aguardados da semana. Aula após aula éramos “surrados” pela sapiência daquele professor de aparência já frágil com perguntas e teses que nos obrigavam a pensar por uma semana mais. 

Ali pudemos desfrutar do mestre, cuja formação havia se dado na nata das universidades eclesiásticas de uma Roma do pós-guerra, impregnada dos melhores valores humanistas e por uma igreja já tomada pelos valores que guiariam o Vaticano II. Em seguida, ele nos ensinou lógica clássica e, sem dizer, nos ensinou a argumentar, função tão essencial para as carreiras jurídicas. Generoso e rigoroso como os bons seridoenses, ele logo organizou - gratuitamente - um curso básico de latim, extracurricular, para os alunos que tivessem tempo e disposição para fazer, ele dizia que quem quisesse ser bom profissional na vida jurídica teria que dominar o idioma: quanta sabedoria!

O curso foi ministrado no CDS e quem pode fazer teve o privilégio de, além de aprender o latim básico, conviver com aquele mestre que ensinava com a humildade dos sábios, amparado na máxima socrática do “só sei que nada sei”, construindo o saber com os alunos. 

Escrevo este longo texto para concluir dizendo que mesmo sem descendência biológica, a família de Padre Tércio continuará sendo uma das maiores de nossa terra, pois o exercício do sacerdócio aliado ao verdadeiro magistério, fez com que ele tivesse uma legião de “filhos” na fé e no saber que, cada um à sua maneira, seguirá tocado e impactado pelos exemplos e ensinamentos deste verdadeiro pai de muitos.”

Sua morte decorrente de uma infecção pelo Sars-CoV-2 é um duro golpe em todos nós, que nos ensina, da pior maneira, que não se trata só de “uma gripezinha” e ocorre quando o mundo já começara a organizar as primeiras vacinações. Por causa disso, sua cerimônia de exéquias foi compatível com sua certa timidez e verdadeira humildade. Foi uma cerimônia singela e rápida, restrita a poucos colegas de batina, nos impedindo de prestar as homenagens póstumas.

A sua ausência física fará muita falta, sua inteligência arguta, mais ainda. Ficamos todos os seus ex-alunos um pouco órfãos, crendo que seu exemplo frutificará e cumprirá a promessa do evangelho: “Mas o que foi semeado em boa terra é o que ouve e compreende a palavra; e dá fruto, e um produz cem, outro sessenta, e outro trinta.” (Mt. 13:23). Nos despedimos ouvindo sua música “Torna a Surriento”, especialmente o verso que diz: “estou indo embora, adeus.” e agradecendo a Deus sua presença transformadora não só na vida de seus alunos, mas do Seridó e do RN.


domingo, 10 de janeiro de 2021

Egoísmo

É o padre, é o padre

Monsenhor Ausônio Tércio de Araújo: *12/10/1935   +09/01/2021

Aluísio Lacerda, jornalista e advogado

Sua dedicação ao Seridó, especialmente à Caicó, só não ultrapassa o compromisso com a Igreja. Uma vida inteiramente dedicada à educação. Educação integral – na sala de aula, na difusão pela Rádio Rural (Emissora de Educação), no Conselho Estadual de Educação, na missa dominical, no Círculo Operário. Enfim, no contato permanente com seus ex-alunos e com os paroquianos de diversos pontos da cidade que o acolhe tão bem e que tanto lhe deve. “Doutrinador na fé e na razão, no exercício do sacerdócio e do magistério”, para usar a narrativa da professora Grinaura Medeiros de Morais.

Foi legitimamente agraciado, há quatro anos, com o título de Professor Emérito, distinguido por sua atuação acadêmica na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Uma vida inteira marcada pelo magistério: no Seminário de João Pessoa (lecionou filosofia e teologia), no Colégio Diocesano Seridoense, na Escola Estadual Joaquim Apolinar, no Colégio João XXII, na Escola Pré-vocacional e na UFRN. 

Quem teve a felicidade de acompanhar suas aulas ficou diante de um sábio, cuja pedagogia valorizava a formação do espírito crítico do aluno. Seu principal objetivo: levar o aluno a pensar. Com um detalhe: longe do mestre qualquer ideia de monopólio do conhecimento.

Por sua orientação, a Rural de Caicó também era a extensão de seu campo de luta, fomentando o debate, promovendo campanhas pelo desenvolvimento da região e defensor das muitas pastorais que coordenou. Também incentivou o Movimento de Educação de Base, colaborou com abrigos, fundações, sindicatos e associações. 

Respeitados o tempo e o lugar, o professor Ausônio Tércio de Araújo nos remete ao cancioneiro popular imortalizado por Luiz Gonzaga nos versos de “O padre sertanejo”, de Pantaleão e Helena Gonzaga: “...Como é pobre o pobre do padre/ No sertão do meu Nordeste/ Sua roupa é tão surrada/ Algodão é o que ele veste/ Mesmo assim o padre é feliz/ Contando as contas do seu rosário/ Porque o povo sem paga lhe diz/ Deus lhe pague, seu vigário”.

Numa fase dramática que o país atravessa, precisamos de pilastras como padre Tércio para enfrentar a arrogância do colonialismo, a indolência das transformações inconclusas e a perversão das “fake news”.

Padre Tércio é uma dádiva de Deus.

Da redação: texto originalmente publicado na edição de 2019 da revista comemorativa da Festa do Ex-Aluno do CDS.


sábado, 9 de janeiro de 2021

Padre Tércio, o Educador

Nosso último encontro, dia 15 de novembro de 2020, em  sua casa, Caicó

Roberto Fontes, 
jornalista e ex-aluno

O meu primeiro encontro com o monsenhor Ausônio Tércio de Araújo ocorreu em 1972 - ao lado de dezenas de outros adolescentes. Estávamos começando o que na época se chamava o curso ginasial, e inaugurando uma experiência pioneira em Caicó, que era a reforma do ensino instituída pela Lei 5.692. 

No meu caso particular, ingressei na Escola Estadual Monsenhor Walfredo Gurgel por opção. Eu havia sido aprovado com uma nota excepcional, que me deixou entre os primeiros, no temível exame de admissão para o Ginásio Estadual Joaquim Apolinar, que era uma excelente referência de ensino na época.

Como cobaia, fui experimentar um jeito novo de estudar. Além das matérias características do ensino médio na época – português, matemática, história e geografia – havia também técnicas agrícolas, comerciais, industriais, entre outras. Tudo na estrutura do Colégio Diocesano Seridoense, com seus laboratórios e outros espaços.

Foi neste ambiente, reverenciado e guardado com zelo e dedicação, que fiz os primeiros contatos com padre Tércio. E passei a admirá-lo e respeitá-lo como homem, religioso, educador, pensador,  humanista e um segundo pai. Ele nos chamava de filhos. E como um pai zeloso, fez o melhor que pôde para encaminhar sua prole a uma vida digna, pautada por valores éticos e morais.

Padre Tércio era um pai amoroso e muito vigilante. Exigia resultados enrolando os cabelos com o dedo indicador e exibindo um sorriso sarcástico de dentes perfeitos. Era impaciente e irônico com quem fazia argumentações toscas, mas atiçava e estimulava aqueles adolescentes a ir à luta, pra que pudessem fazer o próprio destino através da educação. "Sem estudar, ninguém vence na vida", dizia. 

Em Caicó, há traços do seu trabalho como educador e homem de Deus em praticamente todas as instâncias. As homenagens que lhe forem prestadas hoje e sempre serão poucas para o muito que ele fez em todas as áreas, da educação à religião. 

Por seu exemplo, por suas recomendações, estudei e venci. Neste sábado melancólico, 9 de janeiro de 2021, quando a morte me deixa órfão do seu convívio, só resta agradecer a ele por tudo. Foi um privilégio tê-lo como farol: a sua pluralidade, diversidade, esperança e a infinita capacidade de recomeçar me levou a um porto seguro.

Luto em Caicó, no Seridó e no RN

Na comemoração dos 75 anos de Pe. Tércio: Roberto Fontes, Robson Pires, o aniversariante e Oliveira Vanderley

Aos 85 anos, vitimado pela Covid-19, morre o Monsenhor Ausônio Tércio de Araújo, um dos maiores educadores e comunicadores do Estado

Hoje amanhecemos mais tristes com a morte do Monsenhor Ausônio Tércio de Araújo, 85 anos, mais um que a Covid-19 subtrai do nosso convívio.

Desde o dia 13 de dezembro ele estava internado no Hospital São Lucas, em Natal, entubado e sedado, mas hoje não resistiu e foi ao encontro Pai, por quem nutria e espalhava uma fé inabalável.

Os editores deste blogue, ex-alunos, ex-funcionários e amigos de Pe. Tércio, completamente entristecidos, lamentam profundamente a sua morte, mas agradecem a Deus a oportunidade de ter convivido e aprendido com ele lições de vida e humanidade.

Possivelmente, este é o sentimento de milhares de norte-rio-grandenses de várias gerações, que usufruíram da sua sabedoria e cultura como educador no Colégio Diocesano Seridoense.

Nota da Diocese de Caicó informa que o corpo deve chegar em Caicó por volta das 15h00 e será sepultado no presbitério da Matriz de São José com a presença de um grupo restrito de padres.

Logo depois, haverá missa na quadra do CDS, com a presença de todo o Clero e de algumas pessoas autorizadas.

"Todos os fiéis poderão participar através das Rádios do Sistema Rural de Comunicação e das redes sociais da Paróquia de São José de Caicó. Pedimos encarecidamente que os fiéis não compareçam para evitarmos aglomerações. Rezem conosco e por ele em suas casas", diz o comunicado.

Obrigado por tudo, Pe. Tércio!

Roberto e Pituleira

Editores, ex-alunos e filhos não biológicos

A árvore de Dilma






quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Moleque curioso


Na cidadezinha do interior, lá estava o menininho com a mãe passeando pela praça principal.

No mesmo local, um jumento mijava tranquilamente.

O menino vê a cena e pergunta:

- Mãe, o que é aquilo embaixo do jumento?

E a mãe envergonhada:

- Vamos embora, filhinho!

- Não! quero saber o que é aquilo embaixo do jumento!!

- Vamos embora, filhinho!! aquilo não é nada!!

E o bêbado, que passava na hora:

-Minha senhora... se isto aí não é nada, o seu marido deve ser um touro!