Um, morava na área urbana, ou na rua como se diz, e as pessoas o chamavam de Coroné.
O outro, caipira do sítio, era conhecido pelo apelido de Minêrim.
Os dois, casualmente, se encontraram na única barbearia da cidade.
Lá sentados, lado a lado, não trocaram uma só palavra.
Os barbeiros temiam o início de qualquer conversa, pois poderia descambar para discussão.
O Coroné tinha fama de brabo, sempre andava armado.
O Minêrim era brabo que nem siri na lata.
Os barbeiros terminaram a barba dos dois mais ou menos ao mesmo tempo.
O que atendeu o Coroné estendeu o braço para pegar a loção pós-barba e foi interrompido rapidamente por ele, que argumentou:
- Não, obrigado. A minha muié vai sentir o chêro e pensar que eu tava num putêro!
O outro barbeiro virou-se para o Mineirim e perguntou:
- E o senhor, quer a loção?
- Uai, popassá, sô! Minha muié num sabe mermo como é chêro de putêro. Nunca trabaiô lá!
A barbearia permanece fechada pra reforma!
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