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terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Construção

Perpétua Amorim

Ergo catedrais enquanto durmo
Sem algemas encontro caminhos
Entre grandes amanheço
Debruçada no meu travesseiro de pedras.
Se clamo por liberdade
Arrastando pesada corrente
Fica distante o horizonte
Torna sofrido o presente.
Ergo catedrais enquanto vivo
Prevendo melhores dias
No caos de novo me encontro
Mergulhada em demasia
Numa esperança mórbida
Numa vontade vazia.
Ergo catedrais enquanto sonho
Romper as amarras contidas
Em pequenos flashes concretos
De uma realidade escondida
Na ridícula humana certeza
De que as catedrais construídas
Serão finalmente o túmulo
De onde não há saídas.


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