Faltou gramática
Aquele cara era vereador numa Câmara Municipal de um município interiorano qualquer.
Assim como todos os edis, ele era politicamente ligado a um determinado deputado federal lá da sua região.
O vereador era mais grosso do que papel de enrolar prego e o seu mentor, o deputado federal, um homem culto, educado e conciliador.
Com uma dupla heterogênea assim, não precisa nem dizer que o deputado vivia de apagar os incêndios causados pelo rude vereador.
Certa feita, o deputado federal estava no paraíso lá de Brasília (DF), quando recebeu um telefonema lá da sua terra, de um dos seus cabos eleitorais, informando-o de que o rude edil, mais uma vez, havia aprontado.
– O que aconteceu cabo eleitoral?
– O Vereador Grossura, ontem à noite, pegou uma briga na seção da Câmara, o pau rolou solto e até os móveis voaram pela janela!
E como sempre, o deputado ligou para o vereador:
– Grossura! O que houve?
– Nada não, doutor! Uma briguinha boba!
– Boba como, homem? Me disseram que quase houve morte!
Daí venho a explicação no estilo parlamentar:
– Deputado! O senhor me conhece. Sabe que eu sou homem calmo, educado e que sei ser vereador.
E continuou contando a sua versão:
– Ontem eu fui para a tribuna e levantei uma questão política na base da gramática. Só na gramática! Aí, a oposição começou a me aporrinhar, aporrinhar...
– E daí criatura de Deus? – indagou o “hómi” de Brasília.
E o ilustre vereador, demonstrando toda a sua rudeza, respondeu:
– Daí faltou a gramática e eu saí na porrada!
Ciduca Barros é escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha



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