Aluísio Lacerda, jornalista e advogado
Sua dedicação ao Seridó, especialmente à Caicó, só não ultrapassa o compromisso com a Igreja. Uma vida inteiramente dedicada à educação. Educação integral – na sala de aula, na difusão pela Rádio Rural (Emissora de Educação), no Conselho Estadual de Educação, na missa dominical, no Círculo Operário. Enfim, no contato permanente com seus ex-alunos e com os paroquianos de diversos pontos da cidade que o acolhe tão bem e que tanto lhe deve. “Doutrinador na fé e na razão, no exercício do sacerdócio e do magistério”, para usar a narrativa da professora Grinaura Medeiros de Morais.
Foi legitimamente agraciado, há quatro anos, com o título de Professor Emérito, distinguido por sua atuação acadêmica na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Uma vida inteira marcada pelo magistério: no Seminário de João Pessoa (lecionou filosofia e teologia), no Colégio Diocesano Seridoense, na Escola Estadual Joaquim Apolinar, no Colégio João XXII, na Escola Pré-vocacional e na UFRN.
Quem teve a felicidade de acompanhar suas aulas ficou diante de um sábio, cuja pedagogia valorizava a formação do espírito crítico do aluno. Seu principal objetivo: levar o aluno a pensar. Com um detalhe: longe do mestre qualquer ideia de monopólio do conhecimento.
Por sua orientação, a Rural de Caicó também era a extensão de seu campo de luta, fomentando o debate, promovendo campanhas pelo desenvolvimento da região e defensor das muitas pastorais que coordenou. Também incentivou o Movimento de Educação de Base, colaborou com abrigos, fundações, sindicatos e associações.
Respeitados o tempo e o lugar, o professor Ausônio Tércio de Araújo nos remete ao cancioneiro popular imortalizado por Luiz Gonzaga nos versos de “O padre sertanejo”, de Pantaleão e Helena Gonzaga: “...Como é pobre o pobre do padre/ No sertão do meu Nordeste/ Sua roupa é tão surrada/ Algodão é o que ele veste/ Mesmo assim o padre é feliz/ Contando as contas do seu rosário/ Porque o povo sem paga lhe diz/ Deus lhe pague, seu vigário”.
Numa fase dramática que o país atravessa, precisamos de pilastras como padre Tércio para enfrentar a arrogância do colonialismo, a indolência das transformações inconclusas e a perversão das “fake news”.
Padre Tércio é uma dádiva de Deus.
Da redação: texto originalmente publicado na edição de 2019 da revista comemorativa da Festa do Ex-Aluno do CDS.
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