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sábado, 16 de fevereiro de 2019

Folhas

                                            CLÁUDIA PINTO

Debaixo de uma catedral de folhas,
sem saber (nem precisar) quem a erguera, 
sob a anêmona do vento nas folhas 
e o que respira agora pela primeira
vez, eu me deito, contemplando as folhas, 
a espinha reta de encontro à madeira
dura, encerada, de um banco, 
manhã já alta.
Em meio a tantas folhas
o coração, livre de escolhas, 
a um só tempo cheio e nulo.
Nada me falta enquanto arfarem as folhas. 
Não aqui, nem no futuro.

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