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segunda-feira, 26 de junho de 2017

Crime e castigo

Carlos Drummond de Andrade

Interrogado pelo comissário, jurou inocência. Inquirido pelo delegado,
voltou a jurar. Não acreditaram. Foi indiciado, pronunciado,
julgado, condenado. Sempre gritando que estava inocente.

No fim de cinco anos de prisão, acabou convencido de que era mesmo
culpado. Pediu que o julgassem novamente, para agravamento de pena.
Em vez disto, soltaram-no porque findara a pena.

Saiu confuso, já não tinha certeza se era culpado ou inocente, ou as
duas coisas ao mesmo tempo. Como toda gente.

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