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segunda-feira, 26 de junho de 2017
A guerreira que partiu
A Governadora Wilma partiu para o horizonte que a fé nos faz enxergar. Apesar de sofrer de perversa enfermidade, havia fundada esperança de que a vida terrena de Wilma Maria de Faria fosse mais adiante... Ela resistiu com o brilho das forças que a moveram durante toda a vida, mas, infelizmente, o suspiro derradeiro aconteceu no último dia 15 de junho e causou, merecidamente, o lamento de muitos.
A história dela, mais ou menos, a maioria conhece. Nasceu em Mossoró, cresceu em Caicó, alicerçou sua liderança política em Natal. Wilma Maria de Faria nasceu do enlace de Morton Mariz de Faria com Francisca Sales Paraguai Faria (Dona Saly) no dia 17 de fevereiro de 1945. Dr. Morton, o pai, era seridoense de Serra Negra do Norte, sobrinho de Juvenal Lamartine de Faria e Dinarte de Medeiros Mariz, dois grandes líderes potiguares que chegaram ao cargo de Governador do Estado em épocas distintas.
Ainda jovem casou com o médico Lavoisier Maia Sobrinho que, anos depois, fez vitoriosa carreira política exercendo cargos de Governador do Estado, Senador da República, Deputado Federal e, por fim, Deputado Estadual. É o pai dos filhos que Wilma gerou: Ana, Lauro, Márcia e Cíntia. Mesmo diante de intensa atividade política e, depois do início da década de 90, separados, o casal - Lavoisier e Wilma – conseguiu manter presença muito ativa e amorosa na vida dos filhos e netos, fato conhecido por todos que conhecem a família.
Na década de 70, mesmo casada com um médico e, ainda, em uma época em que as mulheres não eram tão cobradas em relação a vida profissional, Wilma de Faria não se acomodou. Concluiu graduação em Letras, fez especialização, tornou-se professora da UFRN. Logo em seguida, com o marido no exercício do cargo de Governador, novamente ousou, tendo protagonismo mais destacado na área de assistência social, tanto é que se tornou naturalmente o nome para assumir, no governo seguinte, liderado naquela época por José Agripino Maia, a Secretaria do Trabalho e Bem-Estar Social (STBS).
Credenciada por uma atuação direta com a população e já sendo percebida pelo carisma que lhe era próprio, Dona Wilma Maia, como assim por muito anos foi chamada, se tornou candidata a Prefeita de Natal, no já distante ano de 1985. Eleitoralmente não obteve sucesso, mas politicamente saiu fortalecida. Prova disso é que no ano seguinte, 1986, foi a mais votada Deputada Federal do Rio Grande do Norte e, no mandato, uma das mais atuantes da Câmara dos Deputados, inclusive, na Assembleia Constituinte.
Em 1988 voltou a disputar – e ganhou - a Prefeitura de Natal. A partir daí consolidou sua liderança na Capital de todos os potiguares vencendo, ela própria, as eleições municipais de 1996 e 2000 como Prefeita; 2012, Vice-Prefeita e 2016, Vereadora. Conhecia Natal como poucos, especialmente, os bairros e as pessoas mais simples com as quais gostava de conviver.
Em 1994 apresentou-se como candidata a Governadora. Era, apesar de sua conhecida ousadia, um projeto muito difícil para a época. José Torres Filho (Binha), nosso conterrâneo caicoense, foi o candidato a Vice-Governador. Não obteve êxito, mas a luta continuou com um olhar para Natal, onde logo voltou a Prefeitura (1996), e outro para o Rio Grande do Norte que, em 2002, a elegeu Governadora, aliás, a primeira mulher a chegar ao cargo máximo do Executivo potiguar. Em 2006 foi reeleita, vencendo a disputa contra Garibaldi Filho, principal concorrente à época.
A eleição de 2002 merece capítulo especial. Novamente, Wilma de Faria foi ousada. Renunciou à Prefeitura de Natal, reuniu um grupo pequeno, conseguiu reunir o segmento evangélico na indicação de Antonio Jácome para Vice-Governador, enfim, foi, pouco a pouco, demonstrando a viabilidade de sua proposta e vitória. Conseguiu
chegar no segundo turno, juntou mais lideranças e grupos, envolveu a população. Venceu a eleição com folgada maioria.
No início do Governo, diante do desafio da governabilidade presente no regime presidencialista brasileiro, precisou fazer alianças para a sustentação política, fato que inibiu algumas das mudanças políticas que desejava imprimir, ainda assim, conseguiu lançar candidaturas próprias do PSB, seu partido, em diversos Municípios, inclusive, com lideranças que a apoiaram no primeiro turno de 2002, os primeiros que acreditaram na perspectiva de sua vitória.
Como Governo de realizações, poucos se comparam aos resultados obtidos pela gestão sob a liderança de Wilma de Faria! Com grandes projetos e relevantes programas, notadamente, na área social, o Governo, sob os cuidados dela, chegou a todos os municípios potiguares em diferentes áreas. No Seridó, em especial, muito foi feito, em todas as cidades. A Governadora Wilma tinha um coração seridoense calçado em suas lembranças da infância e adolescência em Caicó e Serra Negra do Norte. Gostava muito das coisas de nossas tradições, nutrindo particular admiração pelo artesanato e pela gastronomia. Não faltou à sua terra quando foi Governadora!
Wilma de Faria era idealista, trabalhadora, comprometida com o interesse público, inquieta para fazer mais e com melhor velocidade. Sabia ir ao encontro do povo e o fazia com uma naturalidade própria dos grandes líderes. Tinha consciência também do protagonismo histórico que exercia. Em 2010, por exemplo, conhecia as dificuldades que encontraria na disputa para o Senado Federal, mas desejava propor o debate, ao mesmo tempo em que não poderia deixar o seu grupo sem uma opção, mesmo com o seu pessoal sacrifício. Era, de fato, guerreira. Não temia a luta e a garra de sua ousadia fará muita falta a vida política do Rio Grande do Norte.
Fui auxiliar de seu Governo e, nos anos seguintes, um modesto colaborador de seu projeto político em um ambiente de recíproca amizade com ela, seu esposo, José Maurício, seus assessores mais próximos e familiares. Indiscutivelmente um privilégio profissional e pessoal, tanto pelo aprendizado, quanto pela oportunidade de participar de realizações que estão presentes na vida de milhares de pessoas.
Enfim, sua partida foi muito sentida... Parecia não ser verdadeira a imagem de seu velório na Catedral de Nossa Senhora da Apresentação em Natal. Muitos menos da caminhada final até o túmulo no Cemitério Morada da Paz. Em todos os momentos, o conforto aos familiares pelos incontáveis testemunhos de estima e respeito. Soluços e lágrimas de pessoas próximas e distantes, unidas pelo mesmo sentimento de gratidão à guerreira do povo.
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Solidarizo-me com vocês. Tais situações são, infelizmente, inevitáveis e imprevisíveis, já que tudo indica que apenas uma queixa contra um blog seja motivo suficiente para os donos da web apliquem punições sem justificativas, sem dar direito a argumentações e sem respostas às nossas solicitações, visto que essa parafernália é gerida por algoritmos tão estúpidos quanto seus criadores.
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