Vacina: bom ou não?

Ivar Hartmann

Poucos pagam, a maioria recebe de graça a vacina antigripal. Afinal, ela é boa? Vacino-me todo ano e volta e meia pego algum resfriado. Será que a vacina faz efeito? Outros vacinados alegam desconforto ou dor no braço por dois, três dias. Vale a pena? E tem também a ideia bem brasileira: se é de graça, mandada pelo governo, não pode prestar, melhor é comprar a vacina do hospital. Mas aí é cara! Então deixa. Nunca soube com certeza se a vacina era boa ou não, se era um defensivo importante contra a gripe. Esta semana minha fisioterapeuta conversou sobre o tema sem deixar rastro de dúvidas. Profissional antiga, com dois cursos superiores e extensa agenda de pacientes ela citou duas experiências pessoais e, parece-me, importantes: a primeira é que durante os invernos de até poucos anos, ela tinha muito mais pacientes no inverno que no verão, fruto de doenças respiratórias próprias da estação. Crianças e adultos, sem distinção. E lembrava que o aparelho nebulizador, usado para levar medicamentos aos pulmões sob a forma de vapor, era de uso normal. Nas casas de seus pacientes, todos tinham, pois é aparelho de uso familiar. Disse-me o dono da farmácia: a venda de nebulizadores tem caído de ano para ano. Ou seja, as doenças respiratórias, das quais a gripe é o primeiro sintoma, tem diminuído, sem outra campanha que não a vacina.
A segunda foi pessoal. Ela tem uma facilidade congênita de ser atacada no inverno pelo vírus da gripe (os sintomas mais comuns são calafrios, febre, dores de garganta, dores musculares, dores de cabeça, tosse, fadiga e sensação geral de desconforto) ou de seu irmão menos agressivo, o resfriado. Isso significava muita despesa extra em medicamentos a cada recaída. Gastava tanto que sentiu como diminuíram suas despesas. Vale a pena se vacinar? Agora, na Região Sul, os hospitais estão com superlotação. Emergências fechadas, pacientes pelos corredores. A par dos doentes do ciclo natural, o que lota os hospitais é o grande número de crianças e adultos, atacados pelo vírus da gripe e suas consequências. Os dirigentes hospitalares, dizem: aumentar a vacinação contra a gripe nos grupos de risco é tão importante quanto outras medidas necessárias na saúde pública. Mas, vejam: mesmo com o inverno que será rigoroso, na recente campanha de vacinação sobraram milhares de doses, ainda não procuradas, mesmo sendo de graça! Por quê?

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