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domingo, 25 de junho de 2017

Gasolina de Campina Grande


Ciduca Barros

Atualmente, depois que o preço da gasolina passou a doer no nosso bolso, estamos mais atentos e observamos melhor a relação “valor x qualidade” desse importante combustível.
Agora, sabemos que, quando algum posto tem os seus preços inferiorizados, é porque aquele líquido está “batizado”, como dizemos no jargão popular.  
Na década de 1950, a gasolina custava centavos e ninguém ficava cuidadoso com relação ao combustível “adulterado”.
Hoje, já passados 60 anos, veio à minha memória um fato ocorrido na cidade de Caicó que demostra quem, pela primeira vez, comprovou a existência de um combustível “batizado”. 
Ele era um garoto considerado “moleque de rua”, parasitava no centro da cidade (onde havia algumas “bombas de combustível”) e era conhecido pela alcunha de Gasolina. 
Por que esse apelido? Simplesmente porque ele era viciado em “cheirar” esse líquido. Portanto, ele era “gasolinômano” (será que existe esse vocábulo?). 
Ele sempre estava com um pedaço de estopa nas mãos e quando algum veículo ia abastecer, avidamente, ele aparava os pingos naquele trapo. 
Alguns frentistas, num rasgo de bondade, até despejavam o bico da mangueira da bomba em seu sujo trapo.  
Naquela época, repentinamente, na cidade de Campina Grande, começaram a vender gasolina com o preço bem inferior ao cobrado em Natal. 
Consequência: todos os postos de combustível de Caicó (e de outras cidades da região do Seridó) passaram a comprar naquela praça paraibana.  
Lembro-me, muito bem, de que as pessoas se interrogavam: 
– Por que será que Campina Grande, tão distante dos portos, consegue vender gasolina a preço mais baixo do que Natal? 
O viciado Gasolina, celeremente, achou a resposta para aquela pergunta. 
Assim que o combustível mais barato começou a ser comercializado, ele tomou o primeiro “porre” paraibano, ficou mais “doidão” do que nunca e exclamou: 
– Porra! Essa gasolina de Campina Grande é foda!

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