Leis são teias de aranha
Não tenho formação jurídica, mas sou mais um brasileiro embasbacado com a porrada de acontecimentos desastrosos que estão acontecendo neste nosso imenso e espoliado país.
Sem querer ser repetitivo, direi o mesmo com outras palavras: não sou advogado, portanto não entendo de regras de Direito, mas entendo de ética, de moral, de honestidade, de coerência e de respeito.
A todo momento, a imprensa nacional, em tempo presente, nos põe a par de ocorrências irregulares praticadas por nossos próceres que, legalmente, foram eleitos para nos representar.
Se vocês tiverem a curiosidade de acessar o Google, digitar “Lista de
Escândalos Políticos Brasileiros”, vai encontrar em Wikipédia, uma extensa relação, elencadas por décadas, desde os anos 70 até a década de 2010, todos devidamente catalogados por seus respectivos epítetos, desde o Caso Luftalla (Paulo Maluf & Cia., em 1977) até o mais recente Operação Lava Jato ou Petrolão.
Sabem quantos casos de escândalos políticos estão ali catalogados? Pasmem: 02 nos anos 70; 03 nos anos 80; 21 nos anos 90; 38 na década de 2.000 e apenas 08 na década de 2010, porque ainda está em curso. Querem o total: 72 (setenta e dois) casos comprovados de desonestidade, má fé, malversação, improbidade, apropriação indébita, desvio de recursos públicos e outros nomes pomposos criados para amenizar o que comumente chamamos de: roubo, ladroeira, descaminho de valores e assalto.
Também, para não repisar, deixemos de lado as falcatruas políticas para nos focar no castigo, na pena, na sentença condenatória que aqueles falsos cidadãos receberam. Quem arriscaria responder esta crucial pergunta: quantos deles estão entre as grades? Se esta pergunta fosse feita pelo ENEM, a galera se lascava. Por quê? Porque nem o Google sabe responder.
Agora eu quero ser repetitivo: não entendo de leis, mas, como um contribuinte que banca essa bandalheira, sei o que é impunidade.
Em se falando de leis e impunidades, parece-nos que esta espúria relação (condenação versus punição) vem de longa data, neste nosso sofrido e esbulhado Brasil. E para comprovar, transcrevo abaixo uma historieta ocorrida ainda no Século XIX, narrada por Moreira de Azevedo, na pág. 78, do seu livro Mosaico Brasileiro:
“D. José da Cunha Azeredo Coutinho, bispo de Pernambuco, falecido em 1821, foi um dos prelados mais ilustres que o Brasil tem possuído (sic).
Certo dia, falava-se sobre leis.
– As leis, meu filho... – fez o sacerdote (sic).
E definiu:
– As leis são teias de aranha que servem para apanhar insetos, mas que se deixam romper pela pressão de qualquer corpo pesado!”
NOTA DO ESCRIBA: Escrevi este texto há certo tempo, no entanto de lá para cá nada mudou (talvez, piorou). Assim como ele continua atualizadíssimo, vale a pena ler de novo.
Ciduca Barros é escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha
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