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terça-feira, 2 de abril de 2019

No país das tragédias previstas

Ivar Hartmann

Relembrando as últimas tragédias. Na barragem de Mariana o que ficou comprovado: as licenças de operação estavam vencidas há quase dois anos e meio, e o pedido de revalidação foi prejudicado por uma greve. No avião que caiu com o time da Chapecoense: a aeronave estava sem combustível. O tempo de voo era idêntico ao da autonomia da aeronave, sem margem de segurança, e o voo foi autorizado porque o piloto informou que o faria em menos tempo(?). No incêndio do Museu Nacional do Rio onde 20 milhões de itens da história do Brasil queimaram, com a crise financeira que vem atingindo a UFRJ, há três anos o Museu Nacional recebia apenas 60% do valor de seu repasse anual, de R$550 mil. O corte nos gastos causou diminuição da manutenção das áreas. O alojamento do Flamengo que pegou fogo: não tem licença, diz a Prefeitura do Rio. A Área dos dormitórios onde 10 jogadores da base morreram devia ser um estacionamento. O Clube não pediu licenciamento de dormitórios. CT também não tinha documentação definitiva do Corpo de Bombeiros. Helicóptero que caiu e matou Ricardo Boechat: aeronave não podia transportar passageiros, diz a Anac.
Por último a barragem de Brumadinho: Carlos Martinez, engenheiro civil e professor de Faculdade Federal falando sobre a ruptura da Barragem de Brumadinho, mas vejam se a origem não é a mesma: “É a crônica de um desastre anunciado. Temos uma falha brutal de fiscalização e outra falha brutal do estado brasileiro no que diz respeito à manutenção dessas estruturas. Existe uma responsabilidade compartilhada entre o empreendedor, o Estado e os órgãos de fiscalização. Por que o Estado erra? Ele não consegue manter um corpo de fiscalização efetivo e atuante. A empresa erra porque fez uma estrutura que colapsou. Não fortaleceu os órgãos de fiscalização, foi leniente com as empresas. As empresas são necessárias, geram emprego, geram riqueza, mas tudo nessa vida tem limites".

ivar4hartmann@gmail.com

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