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terça-feira, 23 de abril de 2019

O Brasil escapou desta

Ivar Hartmann

Todas as entidades de classe da imprensa brasileira vieram em apoio à Revista Crusoé, censurada por um ministro do STF a pedido de outro. Denominaram a ação de Ditadura do STF. Mas são 11 os ministros e a maioria deles não quis pagar pelo vexame de se solidarizar e expôs opinião contrária à censura. Tudo aconteceu porque o ministro que pediu a censura foi reconhecido pelo delator Marcelo Odebrecht da Lava Jato, como sendo o “amigo do amigo de meu pai”, o Ministro do STF Dias Toffoli. Que, quando chefe da Advocacia Geral da União, estava em posição capaz de ajudar os interesses econômicos, da Odebrecht, do PT, de Lula e de José Dirceu. Ninguém falou que recebeu propina ou se corrompeu. E a revista antes de dar a notícia, enviou a ele um formulário com perguntas sobre o tema. Ele se negou a responder. A notícia foi publicada e de forma inusitada ele mesmo pediu para abrir processo e censurar o órgão de imprensa. Infelizmente teve o apoio do Ministro Alexandre de Moraes.
Que, ao final, não resistiu à pressão da imprensa, das redes sociais, de parlamentares, de promotores e juízes e de próprios ministros do STF e voltou atrás. Seus colegas não estavam satisfeitos com o repúdio que a censura estava trazendo ao Supremo Tribunal Federal, em nome de proteger Toffoly. Criar-se-ia nova norma jurídica: os 200 milhões de brasileiros são iguais perante as leis, mas os onze ministros do STF mereceriam leis especiais. O documento assinado por Marcelo, manifestação escrita sobre o “amigo do amigo de meu pai” dando o nome do anônimo, sem nome, mas conhecido na Lava Jatos, desapareceu do inquérito. É muito, muito grave. Alguém o retirou ilegalmente. O ministro-censor alegou que ele não existia. Mas a Rede Globo, desmentindo o ministro, disse que não, que seus repórteres também viram o expediente. Que confusão. Agora é cuidar porque a borrasca aproxima-se ligeiro de Toffoli, o amigo de Odebrecht e de Lula.

ivar4hartmann@gmail.com

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