Páginas

terça-feira, 30 de abril de 2019

À moda antiga


Anderson Braga Horta 


Eu lhe daria, à moda antiga, um beijo,
e, à moda antiga, ela enrubesceria.
Depois, tão longo o dia duraria
quão breve a noite para o meu desejo.
Serás a lira, amada (eu lhe diria,
todo imerso num sonho benfazejo);
serei o vento a desferir o arpejo.
Serei o sol… serás a cotovia.
Tu sorrindo em meus olhos, eu sorrindo
nos teus, e ambos ansiando, ambos fremindo
ao luar, sobre a relva, à moda antiga…
E a vida passaria tão de leve
que a continuaria a morte, em breve,
como uma doce e acolhedora amiga.

Nenhum comentário:

Postar um comentário