Páginas

terça-feira, 16 de abril de 2019

Cântico

Anderson Braga Horta

Quero-te as mãos ensolaradas
nas minhas pobres mãos escuras,
que as minhas mãos são sepulturas
e as tuas mãos são alvoradas.
Quero-te os olhos, prematuras
luas num claro céu plantadas,
dentro em meus olhos, enseadas
noturnas onde, alta, fulguras.
Quero-te os lábios, favos doces
de etéreo mel, sobre os meus lábios.
Quero-te assim como se fosses
estrela azul e noite eu fora,
estrela ignota aos astrolábios,
que de meu céu, e só, pastora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário