Ivar Hartmann
Faz muitos anos, logo que comecei a conviver com redações de jornal, alguém me disse e nunca esqueci: “notícia ruim, vende jornal!” É incrível. É verdade. Vejam os títulos garrafais que aparecem na primeira página dos jornais das capitais. Ou nas chamadas dos noticiários de televisão. Não é sobre a creche, posto de saúde ou a água que ESTÃO ótimas, para nosso contentamento. Isso não vende jornal ou minutos na TV. Vende, para a nossa atenção, solidários com a tragédia, a mãe que matou o filho em Roraima, o ônibus que despencou em uma ribanceira na Bolívia, o incêndio com várias vítimas em Nova York, o avião que caiu matando dezenas na África. Parece uma compulsão pelo ruim. Será que temos em nossos genes alguma coisa que diz para não nos satisfazermos com o bom e não nos alegrar com a felicidade alheia? Claro que não porque seria algo de uma coletividade enfermiça. Crônica policial, por exemplo, Qual de nós não dá uma passada de olhos sobre os títulos. Pensando: pode ser que tem que tem alguém que conheço ou algo que me ajude na segurança.
Para chegar às redes sociais. As notícias mais disparatadas, as informações mais infiéis, as calúnias mais impossíveis ou os boatos mais impensáveis, correm soltos e ganham adeptos que os multiplicam. Aí, como a mensagem é de uma pessoa de nossas relações, somos propensos a aceitar como verdadeiro porque é uma coisa ruim que está acontecendo e da qual somos obrigados a nos defender. Semana passada correu pelas redes que, na cidade rica, grande e importante, Novo Hamburgo-RS, o órgão municipal local, que explora a água em nome da Prefeitura, aumentara as contas de água em cem por cento. Imaginem: o Bolsonaro manda voltar atrás a PETROBRAS em um aumento de poucos por cento sobre o diesel, e a prefeita local concordaria que o órgão a ela subordinado determinasse um aumento de cem por cento sobre as tarifas. É possível. É viável? É crível? Dezenas ou centenas acreditaram.
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