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quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Céu de amianto

Bruna Lombardi

Porque nos tornaram assim estreitos 
assim impossíveis de asas 
assim cautelosos de falas 
acanhados, espreitados 
fizeram de nós uma ameaça 

Assaltaram nossa alma, revistaram 
nossas gavetas, deixaram 
marcas na nossa intimidade 
mexeram coisas sutis em nosso passado 
nos transformaram em bichos acuados 
servis, obedientes. 

Não sei resolver o mundo, eu mal resolvo 
meu próprio coração 
e tudo me consome. 

Mas sei que há uma luta. Não existe assombração. 
Nesse mundo desincerto 
tudo é o homem. 

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