No aperto do ônibus
Usuários de ônibus urbanos são submetidos diariamente a enorme desconforto, em qualquer cidade desta imensa nação brasileira.
Viaturas velhas, sempre lotadas e sem horários racionalmente estabelecidos.
Uma superlotação que traz, naturalmente, consequências negativas.
E estas consequências são sempre mais funestas para o sexo feminino.
Por quê?
Porque, somados aos demais problemas, elas ainda enfrentam os tarados que, aproveitando-se do excesso de passageiros, tentam se “esfregar” nas senhoras e senhoritas.
Para ilustrar, conto a historieta abaixo.
Depois de mais um duro expediente de trabalho, num coletivo que se dirigia para um bairro periférico de uma determinada metrópole brasileira, como sempre lotadíssimo, uma voz feminina gritou:
– Motorista! Aqui tem um sujeito se esfregando em mim, com um volume duro no bolso da calça.
Foi aquele rebuliço, mas o suspeito da tara logo se explicou:
– Perdão, Senhora! O ônibus está muito cheio, e o que a senhora sentiu no meu bolso, é o meu salário que eu recebi hoje.
A mulher fez que acreditava, o incidente foi esquecido e o ônibus continuou a sua viagem.
Semanas depois, o fato voltou a acontecer e com os mesmos personagens/usuários.
A mulher voltou a gritar:
– Motorista! O mesmo tarado do outro dia, está novamente aqui “roçando” na bunda da mulherada com o aquele mesmo volume no bolso da calça.
E antes que o motorista tomasse qualquer atitude, o cara se apressou a dar a mesma desculpa esfarrapada:
– O volume no bolso da minha calça é o meu pagamento que eu recebi hoje!
A mulher olhou para a cara do sujeito, deu uma espiada nas suas partes baixas e perguntou:
– É o seu pagamento mesmo?
– É sim, senhora! É o meu salário!
Daí a vítima desfechou:
– Parabéns! O senhor recebeu um bom aumento salarial!
Ciduca Barros é escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha
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