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domingo, 12 de novembro de 2017

A primeira broxada é para sempre

Ciduca Barros

Eu gosto de explorar a vaidade masculina no que concerne à sua preocupação com o seu desempenho sexual. Já escrevi alhures sobre este tema e volto a comentar. Torno a repetir que as mulheres não têm essa inquietação boba, pois observo que elas pouco se preocupam se para o homem foi bom ou não.  
Atualmente, depois da descoberta do “citrato de sildenafila”, a primeira vez não é tão preocupante quanto era antigamente. Você não sabe o que é citrato de sildenafila? É um fármaco que é vendido com o nome comercial de Viagra, usado no tratamento da disfunção erétil (nome politicamente correto para broxura) e que veio revolucionar o mundo machista.  
O pioneiro no gênero foi originalmente sintetizado pelo Laboratório Farmacêutico Pfizer e é indiscutível a benesse que trouxe aos alquebrados membros. Aliás, sobre a primeira vez, eu transmito a vocês o que disse um filósofo de esquina: “Não se preocupe quando, pela primeira vez, você não conseguir dar a segunda. Comece a se preocupar quando, pela segunda vez, você não conseguir dar a primeira”. 
No entanto, a história em tela aconteceu antes da notável descoberta do “levantador” masculino.  
Broxado Júnior, ainda relativamente jovem, se deparou com a sua primeira vez. Num motel da cidade, com uma mulher estonteante, ele falhou. O seu mundo (e a outra coisa) caiu. A sua crista (e a outra coisa) ficou caída. A sua autoestima (e a outra coisa) arriou. Deixou o motel com seus pés (e a outra coisa) arrastando pesadamente no chão. E agora? O que fazer? 
Como ele é de uma geração que ainda ouve os mais velhos, resolveu conversar com o seu velho pai. Procurou o seu experiente genitor, para um papo de “homem para homem”. Ele, muito pálido e suando bastante, largou a bomba no colo do seu velho: 
– Pai, eu broxei pela primeira vez.  
E, como era do seu costume em outros assuntos, implorou um conselho:  
– E agora, pai? Pelo amor de Deus, o que eu devo fazer? 
Dizia ele que, enquanto o velho pensava sobre o seu grave problema, ele, por sua vez, orava em silêncio: “Oh! Meu Deus! Fazei com que o meu esperto pai encontre uma solução para o meu difícil impasse”. 
Então, o pai saiu da sua meditação e falou: 
– Fique tranquilo, meu filho! Quando eu tinha a sua idade tive esse mesmo problema.  
Ouvindo aquela paterna declaração tranquilizadora, pareceu que algo dentro de Broxado Júnior tomou um novo alento (e não foi aquela coisa). “Eu sabia que o meu experimentado pai ia me ajudar”, foi o seu primeiro pensamento. “Certamente, ele vai me mostrar como, indubitavelmente, solucionou o seu problema e vai me mostrar como devo proceder para resolver o meu”, foi o seu segundo pensamento, agora positivo.  
E com a voz mais límpida, com as mãos menos suadas e o coração com menos trepidação, Broxado Júnior perguntou ao seu vivido pai: 
– E aí, pai? E como você resolveu? 
– Eu tentei mais umas dez vezes e, finalmente, desisti das mulheres – foi a resposta “tranquilizadora” do experiente Broxado Sênior. 

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