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domingo, 26 de novembro de 2017

O suicida

Ciduca Barros

Eis um assunto polêmico: infidelidade conjugal. 
Não é o nosso objetivo discutir aqui esse assunto tão vasto e controverso, seja chifre masculino, seja feminino. 
Entretanto, investiguei e encontrei duas importantes pesquisas recentemente efetuadas no Brasil sobre o tema.
Ambas revelaram que a maioria dos homens é infiel, mas divergem sobre o número de mulheres que traem. 
É complicado mensurar a infidelidade, mas eu li: “a antropóloga Miriam Goldenberg, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ouviu 1.300 pessoas entre 20 e 50 anos. O resultado do seu levantamento mostra que 47% das mulheres e 60% dos homens são infiéis”. Também li: “a psiquiatra Carmita Abdo, do Hospital das Clínicas de São Paulo, entrevistou 3.000 pessoas na mesma faixa etária e constatou que 67% dos homens e 23% das mulheres já traíram os seus parceiros”. 
Portanto, nada disso é novidade, todos nós sabemos que a traição existe. 
Todos nós conhecemos alguém que já traiu ou foi traído. Ou não? 
O que eu gosto de explorar é o lado cômico que, às vezes, a traição acarreta. 
Cornélio da Silva descobriu que sua esposa, D. Santinha, o estava traindo.  
O mundo do pobre Cornélio desabou sobre a sua cabeça. 
Santinha, o amor de sua vida, a única pessoa que o seu coração verdadeiramente amou, estava indo para a cama com outro homem. 
É bom frisar que a traição de Santinha ocorria há muito tempo. 
Todos naquela cidade sabiam disso, menos o pobre Cornélio. 
Aliás, o velho ditado já rezava: “O corno é o último a saber”.  
Cornélio que era um corno manso, entendeu que não devia matar ninguém (nem Santinha nem o seu Ricardão), mas ele sim, ele é quem devia morrer. 
E resolveu suicidar-se. Como? Pulando de cima da casa.  
Com o objetivo de dar cabo de sua própria vida, subiu no telhado e ali ficou, chorando copiosamente, meditando antes do seu tresloucado gesto final. 
As pessoas da rua viram aquele quadro e se aproximaram. 
De repente, a rua estava cheia de gente.  
E o caos se instalou. 
E a balbúrdia também. 
Ouviam-se gritos, assobios, vaias e piadas de mau gosto. 
Algumas pessoas incentivavam o desditado Cornélio a pular, outras imploravam para ele descer. 
Os vizinhos tentaram instalar uma escada, mas Cornélio gritou lá de cima: 
– Se vocês subirem, eu me jogo daqui! 
E aquele alvoroço continuou até a chegada de um compadre do traído que, num rasgo de bom senso e lucidez, gritou lá debaixo: 
– Desça daí, meu compadre! Minha comadre botou em você foi um par de chifres, não foi um par de asas não!. 

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