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terça-feira, 18 de agosto de 2020

O enviado de Bolsonaro

Ivar Hartmann

Os fenícios ficaram conhecidos como “o povo do mar”. Suas navegações pelo Mediterrâneo criaram colônias, desbravando terras e construindo cidades. Sua civilização de 1.500 aC, foi importante para a nossa cultura ocidental. Localizavam-se no atual Líbano e parte da Síria e Israel. Esta grandeza hoje é coisa do passado. A destruição de há poucos dias da capital do Líbano, Beirute, comoveu o mundo. É um país envolvido em crises políticas permanentes em função da religião. Os altos cargos de governo são divididos considerando também a filiação religiosa do futuro mandatário. Nesta nação pobre, a corrupção destruiu a economia. A explosão de produtos altamente inflamáveis no porto principal do país, nada mais é que a demonstração viva da incompetência dos governantes. As últimas manifestações do povo nas ruas conseguiram derrubar o governo, a exceção do Presidente. Com 10 mil km2 de solos áridos, é menos da metade de Sergipe. Então, ao longo de toda sua história, tornou-se um país de emigrantes, pois sua geografia não permite grande ocupação populacional. O país hoje tem 3,5 milhões de habitantes e só no Brasil há quase dez milhões de descendentes de libaneses. É evidente então que o Brasil deve auxiliar o país. Entre os libaneses brasileiros há de tudo. Pobres, remediados e ricos. De pessoas desconhecidas a nomes de projeção em todos os setores da vida nacional. E muitos políticos. De gente séria como os senadores Pedro Simon, Tasso Jereissati e Espiridião Amin, a vigaristas notórios como Paulo Maluf, Ibrahim Abi-Ackel e Michel Temer. Este último ao entregar seu mandato de Presidente da República conseguiu o prodígio de, em uma pesquisa, ter 90% de votos desfavoráveis e 6% favoráveis. Depois seguiu o caminho de Lula. Foi preso duas vezes, é alvo de dez inquéritos policiais e foi denunciado cinco vezes. Folha corrida policial e judicial para ninguém colocar defeito.
Mas, político antigo, conhecendo todos os canais de Brasília, amigo de quem manda, não deve estar muito preocupado com a vida. Ao contrário dos chefes de quadrilhas de drogas, sempre às voltas com as prisões. Mais agora que é conselheiro do Bolsonaro, conforme este mesmo disse depois que suas conversas sigilosas vazaram para a imprensa. Cada um tem os amigos e conselheiros que quer e o Bolsonaro tem direito a isso. Será que os brasileiros concordariam em que Temer fosse enviado ao Líbano pelo nosso governo, como chefe da missão de socorro brasileira? Os jornais mundiais com cabeçalhos especiais: “ex-Presidente brasileiro, preso por corrupção, representa o Brasil no Líbano”. “Ex-Presidente Temer teve de pedir autorização da Justiça para sair do Brasil”. “De origem libanesa Michel Temer representa Bolsonaro no Líbano”. “Corrupto brasileiro chefia missão internacional”. Um dos países mais corruptos do mundo, o Brasil manda um corrupto lhe representar no Líbano”. É motivo de espanto mundo afora. Não entre os libaneses do Brasil que estão pasmos e pensando: entre dez milhões não temos um justo para nos representar perante o mundo?

ivar4hartmann@gmail.com

Um comentário:

  1. Já que você não consegue fazer uma matéria sem citar o Lula, qualquer hora faça uma falando das sujeiras cometidas pelo juiS Moro, seletivo e parcial que tudo fez para virar ministro e de olho em ser do STF, sujeiras para incriminar o Lula. Quero ver, ler tá?

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