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domingo, 9 de agosto de 2020

Da maior festa de agosto



Das festas tradicionais do Seridó que a gente ama, certamente, Acari celebra uma das maiores e vem de longe. Bianor Medeiros pesquisou e contou um pouco da história da Festa e da Paróquia de Nossa Senhora da Guia na publicação “Paróquia de Acari, 150 anos”.
Em corrido resumo, a história começa com o pedido de Manoel Esteves de Andrade ao Bispo de Pernambuco, Dom José Fialho, para construir uma “capela, com a invocação de Nossa Senhora da Guia, no lugar chamado Acari, distrito do Curato, para o fim de sua alma e dos demais moradores circunvizinhos, por ficarem distantes de sua Matriz oito dias de viagem”. Esta capela, considerada concluída, recebeu a benção – com autorização episcopal – em abril de 1738.
Fez muito bem a muita gente e por seus altares ministros da Igreja anunciaram o Evangelho de Jesus Cristo. Com a criação da Freguesia de Sant'Ana, passa a Capela para a nova jurisdição paroquial.
Sobre os padres de outrora, Dom José Adelino Dantas, no livro “homens e fatos do Seridó antigo”, indica que “o mais antigo capelão de Nossa Senhora da Guia parece ter sido o padre José da Costa Soares. Esse padre aparece já nas eras de 1762, no Seridó, requerendo terras entre o rio Seridó e a Raposa, ribeira do Quipauá, rio que alimenta o Itans, hoje Barra Nova. Em 1776 era Capelão do Acari.”
No dia 13 de março de 1835 criava-se a Freguesia de Nossa Senhora da Guia, inicialmente vinculada a Olinda e, posteriormente, à Paraíba. 
Em 1909 foi criada a Diocese de Natal, sendo Dom Joaquim Antonio de Almeida seu 1º Bispo. Acari passou a ser vinculada a Natal. Com a criação da Diocese de Caicó ocorreu novo desmembramento. Criada - canonicamente - em 25 de novembro de 1939, pelo Papa Pio XII, a Diocese de Caicó foi desmembrada da Diocese de Natal. 
Por oportuno, já são sete bispos, tendo um deles, Dom Heitor de Araújo Sales  - com raízes no Acari, à frente da Diocese de Caicó: (de 1978 a 1993)
Retornando a história local, sobre a nova Matriz de Nossa Senhora da Guia, Bianor Medeiros relata que a primeira missa foi celebrada em “1862, numa noite de natal, quando coberta, apenas, a capela-mor”. Época do Padre Thomaz Pereira de Araújo que, além de Pároco, foi Deputado provincial (1835-1841; 1848-1849;1860-1861).
Sobre a transladação da imagem da Padroeira: “a 5 de agosto de 1867, dera-se em Acari a transladação da imagem de Nossa Senhora da Guia da igreja de Nossa Senhora do Rosário para a Matriz atual, então construída. Realizou-se nessa ocasião uma festa imponente, pomposa, até hoje lembrada com admiração e gáudio, o que é patenteado através dos documentos existentes do seu registro”.
E, de fato, a festa é um acontecimento especial desde o início. Ainda hoje, é uma saudável mistura de sentimentos que envolve fé, reencontros, alegrias e saudades. O amor à terra se confunde com a fé professada e a crença acolhida ajuda a amar o chão que abriga o Acari de nossas raízes. Indo e voltando, voltando e indo, existem inúmeros encontros entre a história da cidade e da paróquia.
E quanto a festa, cada vez maior sob a coordenação do estimado Padre Fabiano Dantas, mesmo no formato virtual, já se aproxima o mesmo derradeiro sentimento das edições passadas, ou seja, quando a bandeira for arriada e a imagem voltar ao altar, como dizia Paulo Balah, ficará “o desejo desembestado de estar de volta no ano que entra”.

Fernando Antonio Bezerra é escritor, advogado e colaborador do Bar de Ferreirinha.

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