Ivar Hartmann
Informações importantes. Juízes e promotores tem algumas garantias, necessárias ao combate dos corruptos ricos ou poderosos: não podem ser transferidos ou demitidos sem processo. Como sabemos no desdobrar da Lava Jato, foram fundamentais para a condenação de dezenas de bandidos e para a devolução aos cofres públicos de milhões de dólares. Mais: os ministros do STF e o Procurador Geral da República são escolhidos pelo Presidente da República e aprovados pelo Senado Federal. Este tipo de escolha nos trouxe os notórios Gilmar Mendes, Toffoli e Lewandowski. Por incrível que pareça, Lula e seus satélites sempre escolheram para Procurador Geral os indicados em uma tríplice entre os próprios procuradores. Na última escolha votaram 946 procuradores ou 82,5% da categoria. O mais votado disse publicamente que aumentaria os quadros de procuradores da Lava Jato. Está claro que o cargo de Procurador Geral da República, com dois anos de mandato, seria o trampolim natural para uma indicação ao Supremo. Seria, não fora terem sido escolhidos pela classe e, por definição: defender, em juízo ou extrajudicialmente, os interesses coletivos da sociedade. Lula, nosso mais célebre condenado, deixava que os procuradores escolhessem seu chefe. O tempo passou e os inquéritos, processos e sentenças da Lava Jato, com seus juízes, procuradores e delegados da PF, deram um basta aos bandidos de colarinho branco, cuja única proteção era alguns ministros do STF. Não há um cidadão brasileiro sério que não elogie a ação dos responsáveis pela Lava Jato. Cidadão sério eu disse. Ou não comprometido, direta ou indiretamente com os bandidos de colarinho branco. Bolsonaro, com o filho senador sendo processado no Rio por vigarice, resolveu cortar o bem pela raiz. Por isso não indicou para a PGR um defensor da Lava Jato e sim um inimigo da operação.
E Augusto Aras foi indicado. Foi o primeiro desde 2003 não escolhido entre os nomes da lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República, com os candidatos mais votados pela categoria. Ele é chamado nos bastidores do MPF de “PGR biônico”: nomeado sem passar pelo voto dos colegas. Ganhando o emprego, Aras passou a lutar a favor do padrinho Presidente na esperança de arrumar o emprego futuro de Ministro do Supremo. Por isso, sabendo que precisa de votos também no Senado, o inimigo natural é a Lava Jato. Passa a atacar, pois, os juízes e procuradores e por consequência os policiais da PF que faziam as descobertas denunciadas pelos procuradores e julgadas pelos juízes. Está nos jornais. Não esperava a reação. O líder da oposição chamou-o de advogado dos que saqueiam os cofres públicos. Líderes de partidos como Cidadania, PSL, Podemos e Rede defenderam a Lava Jato e criticaram Aras. Para concluir e os leitores terem uma clara noção de quem é o atual Procurador Geral da República e inimigo da Lava Jato, Augusto Aras, o procurador que procura emprego, quem saiu em sua defesa foi Renan Calheiros, o mais notório bandido do Senado. Boa companhia hem?
A este sábio comentário se aplica, em toda a sua plenitude, a manifestação de Sir Winston Churchill, quando afirma: "Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos. Winston Churchill."
ResponderExcluirRealmente tem-se visto que os processos ditos democráticos, em nosso País, tem dado alguns resultados lamentáveis, mas passíveis de correção, até rápida, como já se viu.
Mas, o carreirismo é sempre um vício condenável, pois tem um potencial de criar prejuízos quase sempre irreparáveis, dado o seu caráter absolutista.