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domingo, 23 de agosto de 2020

O velho PSD

 


Convivi muitos anos com Manoel Torres de Araújo, o que muito me honra. Manoel Torres era um homem honrado que entrou na vida pública para servir. Nasceu em 1918, no dia 15 de fevereiro. Faleceu no dia 15 de janeiro de 2012. Foi Prefeito, Vice-Prefeito, Deputado, Suplente de Senador. Entrou e saiu da política pela porta da frente! 
Por muitas vezes, Manoel Torres, me falou sobre o “velho PSD”, o partido de Monsenhor Walfredo Gurgel e seu principal incentivador para entrar na vida pública. Sobre Monsenhor muito já foi dito e tudo ainda é pouco diante da grandeza daquele seridoense. Nasceu no dia 2 de dezembro de 1908. Faleceu no dia 4 de novembro de 1971 depois de ter sido Deputado Federal, Vice-Governador, Senador e Governador do Rio Grande do Norte, além das missões próprias do sacerdócio católico de onde nunca se afastou. 
O “velho PSD”, no Brasil, teve lideranças expressivas como Agamenon Magalhães, Juscelino Kubitschek, Ulysses Guimarães e Tancredo Neves e uma reverência visível a Getúlio Vargas, mesmo não sendo ele filiado ao partido. No Rio Grande do Norte, nomes como João Câmara, Georgino Avelino, Theodorico Bezerra, Israel Nunes, Alfredo Mesquita, Jocelyn Vilar, Aluísio Bezerra, Sylvio Pedroza, Ubaldo Bezerra de Melo faziam parte do grupo de líderes do partido.
O Seridó esteve presente na fundação do PSD no Rio Grande do Norte no já distante ano de 1945, dia 23 de maio, em Natal. Segundo pesquisa de Lauro Bezerra (“a história do PSD potiguar”), vários  seridoenses foram fundadores da agremiação em terras potiguares: Padre Ambrósio Silva, Pedro Nóbrega de Araújo, Sérvulo Pereira, José Torres de Araújo, Polion Torres de Araújo, Manoel Torres de Araújo, Abílio Medeiros, Plínio Dantas Saldanha, José Josias Fernandes, Jofre Ariston, Justino Dantas, Heráclito Pires, Jaime Mariz de Faria, dentre outros.
Pelo PSD, Monsenhor Walfredo se elegeu Deputado Federal em 1945 com 7.116 votos; Plínio Dantas Saldanha (Marinheiro Saldanha) foi indicado suplente de Senador em 1946, sendo titular Georgino Avelino, um dos maiores líderes do partido. E Tomaz Salustino também do PSD, teve mandato no Executivo Estadual como Vice-Governador. José Vinícius, Ulisses Bezerra Potiguar, Francisco Seráphico, Mónica Nóbrega Dantas também foram líderes do Seridó que a gente ama que atuaram na agremiação partidária nos anos 50/60, inclusive, com mandatos eletivos.
O PSD local sempre teve uma boa articulação a nível nacional. Os líderes regionais tinham bom trânsito nacionalmente, inclusive, Sylvio Pedroza ocupou o cargo de chefe de gabinete do primeiro-ministro Tancredo Neves no rápido período de 1961 a 1962. Juscelino Kubitschek tinha também com o PSD potiguar uma relação de proximidade, notadamente, com Theodorico Bezerra que foi presidente da agremiação por muitos anos no Rio Grande do Norte.
A última eleição do “velho PSD” foi em 1965 com a vitória de Monsenhor Walfredo Gurgel para Governador. Monsenhor venceu a eleição disputando justamente contra o conterrâneo seridoense Dinarte de Medeiros Mariz. Venceu em 97 municípios e Dinarte em 53, com mais de 26 mil votos de maioria.
O núcleo seridoense da agremiação sempre teve uma participação de destaque nos rumos do “velho PSD”, o mais mineiro dos partidos, que, por 20 anos, foi uma das maiores forças políticas do Rio Grande do Norte.

Fernando Antonio Bezerra é escritor, advogado e colaborador do Bar de Ferreirinha.

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