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terça-feira, 25 de agosto de 2020

O novo amor de Bolsonaro

Ivar Hartmann

 
Agora temos informações precisas sobre o relacionamento de Bolsonaro e do ex-presidente corrupto Michel Temer, através da entrevista de Beto Mansur, ex-deputado e braço direito de Temer. Em entrevista ao O Antagonista ele deu informações preciosas, sobre a missão do ex-presidente ao Líbano e sobre o relacionamento dele com o presidente Bolsonaro. Afirmou entre outras coisas: “Ele chegou lá como um Presidente da República, porque o pessoal lá adora ele. O Bolsonaro deu essa liberdade para ele, para ele ir lá e fazer o que tinha que fazer praticamente como Presidente da República.” O ex-deputado também contou que Temer e Bolsonaro estão se falando com bastante frequência. O ex-presidente, segundo Mansur, aconselhou, por exemplo, o presidente a mexer os pauzinhos na eleição da Câmara. “Michel falou para o Bolsonaro mexer os pauzinhos, mas com muito cuidado. Se o Bolsonaro meter o dedo nisso, acabará se machucando, porque precisa dos votos de todos ali para governar. Se ele for para a linha de frente, será muito ruim para ele. O próprio Michel falou isso para ele.” Como vemos estamos diante de uma nova amizade, impossível de crer para bolsonaristas mais ferrenhos, tamanha a diferença quanto a honestidade, imaginamos, entre os dois. Bolsonaro eleito por seu discurso anticorrupção e o outro, fina flor dos malandros nacionais.
Temer foi preso duas vezes, é réu em cinco processos e indiciado em dez inquéritos. São cinco casos em São Paulo, principalmente por corrupção no Porto de Santos, desvio de dinheiro nas obras do TJ paulista, reforma da casa da filha com dinheiro público e uma propina de dez milhões recebida da Odebrecht e acertada quanto era vice-presidente. Em Brasília, Temer tem quatro casos. Lá é acusado junto com outros peemedebistas de cometer vários crimes de corrupção a partir de 2006, que somam quase 600 milhões de reais, envolvendo a Petrobras, Furnas, Caixa Econômica, Ministérios da Agricultura e Integração Nacional, e a própria Câmara dos Deputados.  O caso JBS de 2017 é o mais rumoroso, quando se pensava inclusive que poderia renunciar. Fazem parte desta investigação as famosas imagens gravadas pela Polícia Federal do ex-deputado e ex-assessor de Temer, Rodrigo Rocha Loures, andando com uma mala contendo R$ 500 mil em dinheiro pelo centro de São Paulo. E o áudio da conversa entre Temer e Joesley Batista, na qual o ex-presidente diz ao empresário que "tem que manter isso, viu?", depois de Joesley afirmar que tinha uma "boa relação" com Eduardo Cunha, então aliado de Temer e Presidente da Câmara, agora ladrão cumprindo pena. Mais o esquema de corrupção do Porto de Santos, reduto de Temer, e no qual ele teria favorecido empresas em troca de dinheiro. No Rio de Janeiro apenas uma investigação e duas denúncias, uma por apropriação de dinheiro público e outra por lavagem de dinheiro. A origem é a Eletronuclear. Em todas estas investigações a prova é farta e robusta. São documentos, áudios, vídeos e delações premiadas. Dá o que pensar o novo amor de Bolsonaro. Não é?

ivar4hartmann@gmail.com

Um comentário:

  1. Não há diferença nenhuma. Os dois são ladrões. O que dizer dos R$ 89.000,00 que a primeira dama recebeu e até agora o Presidente se nega a explicar. Alguns diriam, 89 mil é muito pouco. Quem rouba cem rouba 1 milhão.

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