Olavo de Medeiros Filho, Valdeci dos Santos Júnior e Helder Alexandre Medeiros de Macedo, dentre outros, publicaram livros e estudos sobre a presença indígena no Rio Grande do Norte, com evidência para o interior, destacando o Seridó em vários momentos. São eles os pesquisadores consultados para minhas modestas anotações que, como todos sabem, são apenas amadoras. Aos bons pesquisadores e historiadores são dadas as tarefas relevantes, ou seja, recolher indícios, colecionar dados, juntar informações, estruturar narrativas históricas.
Parece, de início, que tem relativo consenso que os índios do litoral eram chamados de Tupis e, em regra, de Tapuias os que viviam nos sertões do Nordeste. Helder Macedo, neste sentido, mencionando a pesquisa de Olavo de Medeiros Filho, transcreve uma classificação feita sobre os grupos indígenas, notadamente, nas antigas Capitanias do Rio Grande e Paraíba: “segundo o mesmo autor, duas grandes ‘nações’ tapuia habitariam o sertão das capitanias referidas, a Tarairiu e a Cariri (além dos Potiguara, no litoral). Os Tarairiu, que a documentação colonial aponta como tendo habitado, além do sertão do Rio Grande, outras capitanias limítrofes, estariam representados pelos Janduí, Canindé, Pega (comumente chamados, também, de Ariá, Ariú ou Uriú), Javó, Paiacu, Jenipapo, Sucuru (chamados também de Xucuru ou Zucuru), Panati, Camaçu, Tucuriju, Arariú e Curema. Enquanto que os Cariri estariam localizados espacialmente no sertão da Paraíba”.
Entretanto, o próprio Helder pondera em relação a uma classificação rígida, considerando a “diversidade étnico-cultural dos índios do Norte”, bem como, a impossibilidade de descartarmos “a hipótese de que os Cariri tenham passado pelo território do sertão do Rio Grande”.
Para nós, o maior interesse de pesquisa recai sobre os Tapuias e a nação Tarairiu. Olavo de Medeiros Filho esclarece a razão “Os tarairius espalhavam-se do Ceará ao Rio São Francisco. Segundo o relato dos antigos cronistas, os tapuias ocupavam as terras do sertão semi-árido do Nordeste. A capitania do Rio Grande era o epicentro do domínio dos Tarairiús, que ali habitavam nas bacias dos rios Açu, Apodi e respectivos afluentes”.
Eram nômades; praticavam agricultura rudimentar; dependiam muito da caça, de raízes, frutos e pescas; viviam em acampamentos precários, praticamente ao ar livre; sabiam conviver com o bioma caatinga entre secas e invernos, segundo relato resumido das anotações publicadas pelos pesquisadores.
Entre momentos mais críticos e tratativas intermediárias, idas e vindas, inclusive, uma aproximação com os holandeses quando estiveram no Rio Grande do Norte (1633-1654), os índios foram severamente perseguidos pela colonização portuguesa que, de fato, desejava remover problemas e ocupar terras. Segundo Valdeci dos Santos Júnior, historiador mossoroense, os primeiros grandes conflitos entre tapuias e portugueses ocorreram nos anos de 1655-1657 quando o “Capitão-Mor João Fernandes Vieira, que governava a Paraíba, comete uma série de delitos contra os Janduís e os Cariris”.
No próximo artigo, apoiado nos textos dos pesquisadores já citados, vamos continuar conversando sobre o assunto, destacando, ainda mais, a repressão efetivada pelo colonizador português contra os índios que, segundo estimativas, eram 6 milhões antes da chegada dos europeus no Brasil e, no Censo de 2010, em torno de (apenas) 817 mil. Mas, deixemos a continuidade da prosa para o próximo capítulo!
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