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quarta-feira, 13 de junho de 2018

Diarreias mentais - C


O poeta e o boleiro

Coelho Neto (Henrique Maximiano Coelho Neto – 1864/1934) integra o rol de nossos literatos, tendo sido, inclusive, membro da Academia Brasileira de Letras. Coelho Neto, que era maranhense, foi autor de onze obras literárias e ficou conhecido como “O Príncipe dos Prosadores Brasileiros”. Entre suas poesias ficou largamente conhecida “Ser Mãe”, da qual a minha mãe gostava muito, e na estrofe final ele diz:
“Ser mãe é andar chorando num sorriso!
Ser mãe é ter um mundo e não ter nada!
Ser mãe é padecer num paraíso! ”
Um homem versado em letras, como foi Coelho Neto, com sua suposta supervisão, seus filhos também se tornaram pessoas ligados às letras, certo?
Errado!
Preguinho
Coelho Neto
Seu filho, João Coelho Neto, conhecido como Preguinho, foi um multi atleta, disputou dez modalidades esportivas, sendo campeão em oito delas: futebol, natação, remo, polo aquático, saltos ornamentais, atletismo, basquete e vôlei. 
Quanto ao futebol, Preguinho foi jogador do Fluminense Futebol Clube, do Rio de Janeiro (RJ), assim como foi titular da Seleção Brasileira de Futebol que disputou a Copa do Mundo de 1930. Foi o artilheiro do Fluminense nos campeonatos cariocas de 1928, 1929, 1930, 1931 e 1932, sendo que, em 1930 e 1932, foi o artilheiro do Campeonato Carioca. 
Em 1930, Preguinho que já era um ídolo do seu clube, entrou, definitivamente, como jogador de futebol, para a galeria dos grandes ídolos do Brasil. Foi autor do primeiro gol da Seleção Brasileira numa Copa do Mundo, quando foi o artilheiro da competição e o primeiro capitão em mundiais.
Portanto, João Coelho Neto (Preguinho) também alcançou a fama numa modalidade totalmente diferente daquela do seu pai, o escritor Coelho Neto.
Agora, vem o caso curioso, e jocoso, no relacionamento pai e filho envolvendo Coelho Neto, o poeta, e seu filho, Preguinho, o boleiro. 
Conta-se que, certa manhã, o Coelho Neto vinha caminhando em direção a sua casa, no Rio de Janeiro, quando precisou mudar de calçada e atravessar a rua onde, na ocasião, alguns garotos jogavam uma ruidosa e disputada pelada de futebol.
 Um deles, vendo o poeta e o reconhecendo, gritou para os demais:
– Parem a bola para o pai de Preguinho passar!
No que foi cegamente obedecido.
Chegando em casa, puto da vida, ele comentou com sua esposa:
– Veja só! Eu já compus inúmeras poesias, já escrevi diversos livros, sou jornalista, fui deputado estadual do Maranhão, sou membro fundador da Academia Brasileira de Letras, mas sou reconhecido na rua como o “pai de Preguinho”, um mero jogador de futebol!

  
Ciduca Barros é escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha

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