Páginas

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Diarreias mentais - CI


A politicagem brasileira

“Esse homem não pode ser candidato; se se candidatar não poderá ser eleito; se for eleito, não poderá tomar posse; se tomar posse não poderá governar! ”
Alguém será capaz de citar quem disse a frase acima? 
Você será capaz de dizer com quem disseram a frase acima? 
Ou melhor: será que algum eleitor saberá dizer quando foi dita a frase acima? 
Que político brasileiro, golpista, diria algo tão agitador e truculento?
Todos sabemos que Política é uma ciência dos fenômenos referentes ao Estado, ou melhor dizendo, é um sistema de regras respeitantes à direção dos negócios públicos. Sintetizando, Política é coisa séria no mundo todo, menos no Brasil. 
Por quê? Porque política aqui se transforma em coisa mesquinha, estreita e de interesses pessoais, tratada por políticos poucos escrupulosos, sem ética, sem moral e desonestos, ou seja, no Brasil não se faz política e sim politicagem. 
Alguém, que não seja político profissional, poderá me contestar? 
Será que eu estou pintando esse quadro com tintas muito fortes? 
Duvido. 
A política, ou melhor, o desvio da ciência política para a mais pura e nociva politicagem, foi iniciada na mais remota época da História do Brasil. Acredito até que, logo que terminou a Monarquia e foi declarada a República, os “conchavos” começaram e o resultado nocivo desses “arrumadinhos” sempre sobraram para o povo bancar. O povo brasileiro é o pagador oficial “das diarreias” da politicagem brasileira, desde sempre. 
Será que, na atualidade, isto tudo piorou? 
Será que, hoje, a briga pelo poder é mais acirrada do que antes? 
Ou será que, na época presente, com a velocidade das  notícias correndo rápido pelas redes sociais “as diarreias mentais” da politicagem brasileira chegam mais celeremente ao nosso conhecimento?
Acredito que sim, mas elas (as diarreias) e sua fedentina rolam de há muito tempo. 
Por quê?
Porque a frase que encima este texto, que é um misto de ameaça, agressividade, desmoralização do sistema eleitoral brasileiro, desrespeito à vontade política do eleitor, incitamento ao golpe e outros procedimentos irregulares não foi dita por nenhum político da atualidade. 
É uma declaração que tem mais de 60 anos.
Essa belicosa ameaça foi feita por Carlos Lacerda, um político reconhecidamente golpista e agitador, em 1950, contra Getúlio Dorneles Vargas, que havia sido deposto em 1945 e pensava ser candidato à Presidência da República.
O resultado dessa história está nos livros de História do Brasil.  
Getúlio Dorneles Vargas, com Carlos Lacerda no seu mocotó, foi candidato, foi eleito, tomou posse e tentou governar. 
Por que tentou governar?
Porque Carlos Lacerda, alimentado por interesses escusos, jornalista que era, proprietário da Tribuna da Imprensa, no Rio de Janeiro (RJ), publicava diariamente uma torrente de notícias falsas e mentirosas (as famosas fake news, de hoje) azucrinando o Governo Federal e tumultuando o país.
Uma politicagem que levou Getúlio Vargas ao suicídio e o Brasil a uma onda de tumulto e incertezas políticas.

  
Ciduca Barros é escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha

Um comentário:

  1. Isso tudo é verdade mas Entulho Vargas criou a Petrobras estatal que tanto dano nos fez, além de tentar matar o próprio Lacerda.

    ResponderExcluir