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sábado, 23 de junho de 2018

Noturno

Olavo Bilac

Já toda a terra adormece.
Sai um soluço da flor.
Rompe de tudo um rumor,
Leve como o de uma prece.
A tarde cai. Misterioso,
Geme entre os ramos o vento.
E há por todo o firmamento
Um anseio doloroso.
Áureo turíbulo imenso,
O ocaso em púrpuras arde,
E para a oração da tarde
Desfaz-se em rolos de incenso.
Moribundos e suaves,
O vento na asa conduz
O último raio da luz
E o último canto das aves.


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