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sábado, 23 de maio de 2020

Noturnos

GILKA MACHADO

E noite. Paira no ar uma etérea magia;
nem uma asa transpõe o espaço ermo e calado;
e, no tear da amplidão, a Lua, do alto, fia
véus luminosos para o universal noivado.

Suponho ser a treva uma alcova sombria,
onde tudo repousa unido, acasalado.
A Lua tece, borda e para a terra envia,
finos, fluidos filos, que a envolvem lado a lado.

Uma brisa sutil, úmida, fria, lassa,
erra de vez em quando. E uma noite de bodas
esta noite… há por tudo um sensual arrepio.

Sinto pelos no vento… e a Volúpia que passa,
Flexuosa, a se rocar por sobre as casas todas,
como uma gata errando em seu eterno cio.


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