Ciduca Barros
Indubitavelmente, é muito dolorosa a morte de uma pessoa querida.
Uma mulher, ainda jovem, de forma prematura, ficou viúva.
Naturalmente, como não poderia deixar de ser, ficou inconsolável.
Durante o velório, uma amiga da família tentava consolar a viúva:
– Por que você está chorando tanto assim, amiga? Tenha paciência! Conforme-se. Você ainda é muito jovem. Vai arranjar logo outro homem.
– Nem me fale noutro homem, amiga! Nem me fale nisso! Meu maridinho! Meu Deus, meu maridinho!
E a amiga insistiu nas palavras de reconforto:
– Mulher! Marido é como pau de porteira: vai um, vem outro!
E a enlutada fechou o assunto quando, categoricamente, declarou, com o olhar fixo para o caixão, especificamente para a braguilha do defunto:
– Eu sei, amiga! Mas nunca mais vou achar outro pau como aquele!
Escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha
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