Ciduca Barros
Ela era a deusa mais popular da Grécia.
Dizem que ela era esguia e virginal.
Diz também a lenda que, quando era pequena, seu pai, Zeus, perguntou-lhe o que queria ganhar de presente num dos seus aniversários.
– Quero correr livre e selvagem pelas florestas e nunca, nunca casar – respondeu a caçadora.
Coincidentemente, aquela mulher também se chamava Diana.
Alta, morena, charmosa, cabelos longos e sedosos.
Não seria considerada bonita, mas seu conjunto chamava a atenção.
Ela mexeu com a libido daquele conterrâneo.
Possivelmente, de tanto ser observada por ele, passou também a fitá-lo.
Daí nasceu, naturalmente, uma paquera.
E aquela paquera inocente evoluiu para um rápido papo e para a troca dos números telefônicos.
Por telefone, marcaram um jantar romântico.
– Estou apaixonado! Esse jantar será o marco inicial para um grande e duradouro amor – disse ele para os amigos.
Na noite do jantar ele parecia uma criança a caminho do parque de diversões.
Estava lépido e fagueiro.
Na hora aprazada ele estava, pontualmente, na porta dela. Escolheu um sofisticado restaurante da cidade e, ali, optaram por um caro e importado vinho.
– Estou gastando o meu rico dinheirinho, mas estou considerando tudo isto como um investimento! Os lucros virão depois! – continuou pensando o enamorado.
Sendo um homem romântico, não esquecera de levar um lindo buquê de rosas vermelhas (disseram que seria a cor certa para aquele tipo de dama).
Com o ambiente adequado e algumas preliminares não poderia dar outra: terminaram num confortável motel.
Naquele momento, ele pensou no seu dispêndio, mas aliviou a tensão financeira: “Graças a Deus ontem saiu o meu salário!”
Na suíte “plus” do sofisticado motel, os dois já desnudos e, simultaneamente, amassados, ele resolveu perguntar:
– Do que você vive, Amor?
Diana, apesar do calor que lhe ardia o rosto, com o seu corpo intumescido pelo vinho e pelas carícias da sua nova conquista, entre sussurros, respondeu:
– Das minhas pensões, amor!
– Epa! Será que eu ouvi mal? Pensões? – matutou ele.
E com seu tesão já em declínio, pediu esclarecimento:
– Você disse pensões?
– Claro! Das minhas três pensões! Eu tenho três filhos de três pais diferentes!
– Porra! Me fodi! – pensou consigo o ex-apaixonado.
Ainda assim, antes de ele voltar a raciocinar com lucidez, ela mostrou o seu lado de Diana, a caçadora:
– Porém, a crise está grande e a minha renda está cada vez mais curta! Estou precisando, urgentemente, duma quarta pensão.
Naquela época ainda não havia surgido o Viagra, porém, se tivesse, de nada adiantaria.
Ele foi acometido, incontinentemente, de uma séria e profunda disfunção erétil.
Ou, como dizíamos naquele tempo, broxou.
Escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha
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