Ciduca Barros
Se um artista não tem fã ele não é um ídolo.
Vendo e ouvindo a toda hora o que a imprensa nos mostra a respeito, deduzimos que é enfadonho ser um artista famoso, porque não se tem privacidade com tanto assédio.
A tietagem desagrada tanto aos seus astros e estrelas que, em determinadas horas, eles se irritam com os fãs.
Não sei se isto procede, mas a cidade de Campina Grande alardeia aos quatros cantos que tem o maior São João do Mundo.
Quem já esteve naquela festa sabe muito bem que a farra ali é grande.
Por ocasião dos festejos juninos, para aquela cidade se deslocam pessoas de todo o Brasil e até do exterior.
Com habilidade e muita publicidade, os responsáveis por aquela festa tornaram-na um evento turístico que resulta, logicamente, muita receita para o erário daquele próspero município paraibano.
Há alguns anos, um bando de seridoenses organizou uma excursão para participar do “maior São João do Mundo”. Naquela cidade, ficaram num hotel onde, coincidentemente, também estavam hospedados alguns artistas que iriam se apresentar na festa.
Um dos conterrâneos, cidadão bom de copo, já tinha tomado quase todas do bar do hotel, quando viu entrar um conhecido cantor de forró.
E não deu outra, resolveu tietar o homem.
Levantou-se, deu um formidável amplexo etílico no artista e, aos berros, disse-lhe:
– Assisão, meu ídolo! Eu sou seu fã incondicional!
E para mostrar que era mesmo um admirador exaltado, acrescentou:
– Eu admiro tanto o seu trabalho que possuo três CDs seus!
O pobre do artista assediado, procurando se desvencilhar do abraço de tamanduá e do fedor de bebidas alcoólicas, perguntou:
– Como você conseguiu adquirir três discos meus se, até agora, eu gravei apenas dois?
O bebum deu aquela paradinha de Pelé e, apesar do seu estado etílico, reprogramou-se e mandou de volta:
– Hã! É porque tem um disco de que eu gostei tanto que comprei logo dois!
Escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha
Nenhum comentário:
Postar um comentário