Arrependimento sobre o que
deixou de fazer é frustração
Eu costumo dizer que o pior tipo de arrependimento é aquele que temos daquilo que deixamos de fazer. Entenderam?
Será que você não sente pesar por ter perdido uma oportunidade no passado?
Aquele emprego que você esnobou?
Aquela transferência funcional que você não quis?
Aquela pessoa que você pensava que não a amava e, quando se apercebeu, já era tarde?
Arrependimento pelo ato praticado, chama-se remorso. Arrependimento por aquilo que se deixou de fazer é frustração pura e simples.
Sebastião Cícero de Guimarães Passos, ou simplesmente Guimarães Passos (1867–1909), nascido em Maceió (AL), foi poeta, escritor e jornalista, contemporâneo de Olavo Bilac, Coelho Neto, José do Patrocínio e Artur Azevedo, ocupou a cadeira 26 da Academia Brasileira de Letras, da qual foi um dos seus fundadores.
Com toda a sua bagagem literária, o poeta foi vítima da síndrome do “arrependimento do que deixou de fazer”. Guimarães Passos havia tido, na juventude, uma namorada cuja mão jamais disputou e que acabou casando com outro, com o qual teve um filho, a quem deu o nome de Antônio.
O poeta é que nunca esqueceu a mulher perdida (frustração). Às vezes, alta noite, nas rodas de boemia, entristecia de repente e levantava-se da mesa.
– Aonde vais? – perguntavam os outros.
E ele, soturno e arrependido pelo que deixou de fazer, respondia:
– Vou pensar na mãe de Antônio!
Ciduca Barros é escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha
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