Páginas

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Contículo


Ela se foi me deixando com os velhos CD's. 
Alguns de tão arranhados, já não tocavam mais.
O jarro com as flores mortas sobre a mesa de canto, em silêncio, sofria por mim. 
Pelas flores também.
O livro de capa dura jogado sobre o sofá, contando a história dramática do príncipe morto - sua donzela morrera também - dizia de um amor sem felicidade final. 
Como o nosso.
O Cristo na cruz, de cabeça voltada para o chão, no símbolo de sua não vida, pregado na parede da sala. 
Era um recado sombrio da angústia dessa separação.
Enquanto eu a via descer rua abaixo, mochila da separação nas costas, eu me lembrava de versos lidos na porta de um banheiro público.


"Ao sair,
levou-me com ela
e nesse instante
deixei de existir."


(Os versos do poeta Álvaro Farias)

Nenhum comentário:

Postar um comentário