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quarta-feira, 13 de março de 2019

Diarreias mentais - CXXXVIII


Boticas, pharmacias e drogarias

Que nome esquisito, né? Botica.
Mas boticas eram os antigos estabelecimentos onde eram preparados (manipulados) e vendidos os remédios. Isto no tempo em que nossos antepassados tomavam chás, meizinhas e colocavam emplastos. Ou seja, boticas eram as raras farmácias de nossos avós.
Posteriormente, já na geração dos nossos pais, surgiram as pharmacias (com o famoso ph, mesmo), e com estas vieram os primeiros produtos químicos, ou seja, as primeiras drogas medicinais (por isso também são chamadas de drogarias). 
Por quê resolvi falar sobre boticas, farmácias e drogarias?  Porque eu estou impressionado com a grande quantidade de estabelecimentos farmacêuticos existentes nas cidades brasileiras. Na cidade de Natal, por exemplo, em cada quarteirão encontramos uma ou mais. Aqui temos farmácia defronte à farmácia e farmácia vizinha à farmácia. 
Voltando um pouquinho no tempo, na querida Caicó, lá no sertão do Seridó, tínhamos que nos socorrer de apenas três drogarias, pertencentes aos senhores Lino Guerra, José Gurgel e Girson, respectivamente. Atualmente, quantos terão ali?
Em 1961, tive a honra de residir na aprazível e acolhedora cidade de Currais Novos, também situada lá no sertão do Seridó Potiguar, e ali também encontrei apenas três drogarias, cujos proprietários eram os senhores Paulo Andriola, Expedito Araújo e Doutor Manoel, respectivamente. Este último era farmacêutico, mas a população o chamava de doutor. Quantas existirão ali, agora?
Atualmente, temos grandes grupos comerciais do ramo farmacêutico, verdadeiros conglomerados empresariais, com suas lojas imensas, sofisticadas, vistosas e modernas (algumas até com salas de espera), com seus funcionários impecavelmente trajados, que, nos lembrando a rede bancária, exigem até que o comprador digite o seu CPF no momento da compra. 
Para quê? Não sei, respondo eu!
Não seria melhor dividir a sua lucratividade com seus clientes e baratear a medicação? Pergunto eu!
Sabemos que a população brasileira cresceu, mas será que, com a população, também cresceram, na mesma proporção, os males do corpo e da alma?

Ciduca Barros é escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha

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