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quarta-feira, 27 de março de 2019

Diarreias mentais - CXL


Pra não dizer que
não falei de corruptos

Nunquinha (como dizia Dona Chiquinha, a finada minha mãe), no Brasil, vivenciamos uma situação política tão caótica quanto a atual: desonestidade, corrupção, desvio de verbas oficiais, malversação, dilapidação do erário, indignidade, lavagem de dinheiro, cinismo, descompostura, pedaladas fiscais, conchavos escusos, mensalão, petrolão, lava-Jato, reais nas meias e dólares na cueca, tudo isto sem falar em dois ex-presidentes presos. 
Antigamente, contávamos nos dedos os políticos incorretos. Hoje, esta matemática inverteu: contamos nos dedos aqueles, presumivelmente, honestos. 
Infelizmente, na esteira desses desmandos políticos e espelhados nesses homens de pouco vergonha, o povo brasileiro está perdendo a noção do respeito e da decência e, insanamente, se tornou desvairado. 
Por quê? 
Porque, revoltados com tanta transgressão e vendo o dinheiro dos impostos que lhe são impingidos saindo pelo ralo das negociatas, os cidadãos comuns estão se transformando em pessoas extremistas, radicais e, muitas vezes, xiitas. Estamos perdendo até o senso de piedade cristã, quando, em ambientes públicos (saguão de aeroporto, dentro de avião, restaurantes, etc.) xingamos alto e em bom tom os políticos que encontramos. 
Não estamos defendendo essa corja, que não merece nenhuma consideração, mas é constrangedor ver e ouvir aquelas ofensas gritadas colericamente contra nossos péssimos e desonestos governantes, em público, muitos deles acompanhados de esposas e filhos. 
Estamos sendo roubados, espoliados, humilhados, esbulhados, despojados, enganados, saqueados, extorquidos e mais uma dezena de outros vocábulos que retratam o que essa súcia vem cometendo, através dos anos, contra os cofres públicos da nossa nação, mas lembremo-nos de continuarmos pessoas equilibradas e decentes. 
Dói em nós, quando vemos (ou lemos), divulgados pela mídia nacional, os bilhões fraudulentamente desviados de uma empresa nacional da expressão mundial da PETROBRÁS. Entretanto, nos dói também quando vemos, nas redes sociais, as charges (ou montagens fotográficas) criadas contra nossos políticos, colocando-os em posições ridículas, insólitas e grosseiras. 
Não adianta alguém nos dizer que “se eles não nos respeitam, não temos obrigação de também respeitá-los”. 
Concordo, em parte. Não somos obrigados a reverenciá-los, mas podemos, em nome de nossos princípios morais, pelo menos, não levar seus familiares ao ridículo e expô-los na mídia de maneira grotesca e imoral.
Ficamos assustados com tanta baixaria dita com uma ex-primeira dama, já falecida
Ficamos assombrados e tristes com a alegria e o júbilo que algumas pessoas desumanas demonstraram quando do falecimento de uma criança, neto de um político preso!
Estamos estarrecidos com a galhofa e o desrespeito que alguns desalmados estão reproduzindo sobre outra ex-primeira dama, uma jovem mulher linda e discreta, cujo marido também foi detido!
Será que esses dementes que repassam essas baixarias nas redes sociais não têm esposas, filhos e netos?
Ou será que, de tanto sermos roubados, estamos perdendo a compaixão e a piedade cristã?
Ciduca Barros é escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha

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