Ciduca Barros
Existe um tipo de desculpa que a finada minha mãe a chamava de “desculpa esfarrapada”.
Sempre que alguém é flagrado fazendo besteiras, tem sempre uma justificativa sem sentido.
Você fica vendo esses programas policiais da tevê e nas entrevistas com os marginais suspeitos de crimes, a fala deles é sempre a mesma:
– Fiz nada, não!
– Nada a ver!
– Eu “tava” lá por acaso!
Este pensamento me faz voltar ao passado, para contar um causo que demonstra a prática de uma “injustiça” sempre que alguém está preso.
Benedito Preto era um protegido do Major Isidoro Barros, chefe político daquela cidade do Seridó de outrora.
No entanto, o velho Benedito tomava umas cachaças e quando se embriagava fazia suas merdas.
Numa dessas carraspanas, acrescidas de desordem, ele foi preso.
Quando o efeito do álcool passou, ele pediu ao delegado para ligar para o seu protetor.
O delegado permitiu-lhe o telefonema e o diálogo foi o seguinte:
– Major Isidoro, eu fui preso!
– O que você fez, Benedito Preto?
– Eu não “fiz nada”, Major. Venha me soltar.
– Eu não vou não, Benedito.
– Por quê, Major?
– Porque eu estou aqui sem “fazer nada” e o delegado vai me prender também.
Escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha
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