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terça-feira, 2 de junho de 2020

Arcano


Anderson Braga Horta


Cai o luar na terra, docemente,
embalsamando a plácida cidade.
E penetra em meu seio, lentamente,
um misto de esperança e de saudade.
Vem a noite apagar sob o clemente
manto de sombra as sombras da vaidade.
Iluminas-me, ó noite erma e silente,
de uma interior, divina claridade!
Para a minha alma, quando morre o dia,
em vez de espectros de funérea voz,
surge, da tarde à plácida agonia,
um turbilhão de risos e de sóis,
e do arcano da treva se irradia
um hino de longínquos rouxinóis.


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