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domingo, 14 de junho de 2020

Respostas em cima da bucha

A Rua da Guia, local do Cabaré de Zulmira, maior puteiro do Recife
Fico sempre a matutar com a capacidade que algumas pessoas possuem de dar respostas precisas. Durante algum tempo selecionei algumas, num caderno para mais adiante escrever sobre o assunto.
E, novamente, graças ao Ibope que minhas crônicas têm merecido de generosos leitores, volto ao tema que enfoca respostas na bucha, capacidade rara de alguns.
Nos idos de 1940 as famílias ainda tinham direito a ter Secretárias Domésticas, às quais eram conhecidas por “Empregadas”. Mamãe era rigorosa nas admissões e não lhe escapava a entrevista prévia.
Certa feita se apresentou, sem recomendação, uma sacripanta ainda nova, de uns 20 anos mais ou menos. D. Alice já não gostou da cara da sujeita. Descabelada, de chinela de vaqueiro, bico do peito quase à mostra.
Mas mandou-a sentar-se no terraço e soltou os verbos indagativos.
D. Alice – Minha filha, você ainda é moça?
Judite – Olhe dona, já perdi meu cabaço há tempos!
Continuando o “questionário”, que era exigido pra começo de conversa, mamãe entrou de sola, na segunda fase. Já com um pé atrás.
D. Alice – Moça, você já teve gonorreia?
Judite – Que eu me lembre não!…
Mamãe, muito ladina, desejou fazer um exame superficial na “camarada”. Pediu que levantasse um pouco o vestido a fim de verificar as pernas, pois notara que havia sinais de “pereba recolhida”, várias manchas escuras.
Tais lesões indicavam claramente sinais de alguma “4ª. Venérea”, a doença infernal que fizera o Recife ter a fama de se tornar conhecida como: “Recifilis, a Venérea Brasileira”. Lá veio a pergunta-bomba:
D. Alice – E essas manchas, o que são mesmo?…
Edite – Ah, minha dona, os “home diz” que é “medalha de bom comportamento”.
D. Alice – Quem lhe deu tanta “medalha” minha filha?
Edite – Trabalhando como “quenga”, lá em Zulmira.

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