Ciduca Barros
Zé Migué era o garçom no Bar do Copo, lá na sua cidade.
Inexplicavelmente, nos dias de muito movimento, Toinho do Bar, o dono do estabelecimento, deixava o garçom sozinho e, sabedor que ele estava assoberbado de trabalho, corria para os braços da mulher do coitado do garçom.
Zé Migué que era corno, mas não era burro, já tinha sacado tudo e resolveu ir à forra.
Como era sua vingança?
Todas as vezes que o dono do bar desaparecia com aquele propósito sexual, o garçom chifrudo errava, deliberadamente, nas comandas.
Você deve estar pensando: “Grande novidade! Todo garçom rouba!”.
Eu também sei disso, mas Zé Miqué cobrava a menor.
Exemplo: a conta do cliente dava R$ 80,00, ele cobrava R$ 20,00.
Todos os papudinhos da cidade sabiam do chifre e, por tabela, usufruíam da doce vingança do marido da adúltera.
Certa noite, alguém que não era da cidade e, logicamente, não conhecia aquela espécie de novela televisiva, esteve no bar e tomou várias doses de uísque 12 anos.
O consumo ascendeu a quantia de R$ 120,00 e, no momento de pagar, na comanda constava apenas o valor R$ 40,00.
O estranho, que era honesto (ainda existe honestidade), percebendo o erro, alertou:
– Garçom! A conta está errada. Você cobrou bem menos.
– Não, senhor, a conta é essa mesma!
O cliente, ainda sem entender, perguntou:
– O senhor é o dono do bar?
– Sou não! Nesse momento, o dono do bar está lá minha casa.
E deu a explicação plausível:
– Fazendo com a minha mulher o que eu estou fazendo com ele aqui!
Escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha
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