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terça-feira, 16 de julho de 2019

Genes, vida e morte

Ivar Hartmann

Concluindo minha tese da semana passada. As manifestações recebidas dos leitores mostram que o tema é palpitante e merece nossa atenção. É a forma científica e religiosa de abordar a morte, tornando esta travessia menos traumática para os que ficam e mais tranquila para os que se vão, sabendo que continuarão vivos, não só no pensamento, como também, materialmente, nos seus consanguíneos. Augusto Comte, o francês fundador do Positivismo, de cuja doutrina é o lema Ordem e Progresso de nossa bandeira, têm uma frase muito conhecida que agora deveria ser mais valorizada: "Os vivos são sempre, e cada vez mais, governados pelos mortos; tal é a lei fundamental da ordem humana.”
Vejam, por exemplo: o símbolo por excelência da riqueza é o ouro. E o que é mais importante, este ouro de duração infinita, ou a mão que o detêm transitoriamente? E, por extensão, o que é mais importante: Os genes que passam de geração em geração, ou o corpo humano com prazo de validade? As Leis de Mendel, do século XIX, sobre a genética, definida como um conjunto de princípios relacionados à transmissão hereditária das características dos progenitores aos seus filhos, mesmo que suas pesquisas tivessem como base sementes de ervilha, são a base para a genética como hoje é conhecida. E com avanços espetaculares graças à descoberta do código genético e as ferramentas de clonagem. Então, ao contrário de São Tomé, há que crer mesmo não podendo ver. Se aceitarmos que transportamos os genes de antigos ascendentes e dos nossos pais, aceitamos também, para nosso deleite pessoal, que, ao contrário do antes admitido, não morremos para sempre, mas, ao contrário, conforme a pregação de Cristo permanecemos vivos de outra forma. Ciência e religião se unem de forma insofismável para mostrar ao homem que quando seu caminho parece terminar, ele segue adiante com outras fisionomias, vivo pela lembrança de suas ações, mas, mais ainda, no corpo de seus descendentes.
ivar4hartmann@gmail.com

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